O meu comentário ao "post" de Miguel Frasquilho deu que falar a outros comentadores do Quarta República. Até ao momento, porém, Miguel Frasquilho não comentou, mas eu não sou tão vaidoso que possa supor que embatucou ou que, por calar, consente. Como prometeu continuar a série com outros "post" talvez, pelo menos nas entrelinhas, venhamos a saber o que pensa sobre o que comentei, e a que acrescentei o seguinte:
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Os meus amigos agarram-se com unhas e dentes ao consenso.
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Abandonemos pois o consenso em nome da higiene democrática.
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Não faço questão disso. Voltemos à proposta do Pinho Cardão: Corte-se na despesa e a despesa acabará por ser cortada.
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Não é assim. A cada proposta popular corresponde, necessariamente, um custo a suportar. Se não fosse assim já tínhamos voltado, novamente, ao Jardim das Delícias.
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Ora, em democracia, quem decide dos cortes é quem Governa. Se dizemos ao Governo corte lá nos impostos, o Governo diz que a proposta é populista porque não tem pés para andar.
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Aliás, este ponto de vista é, muitas vezes, suportado por parte da Oposição. Qualquer que seja o Governo, qualquer que seja a Oposição.
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Se recuarmos uns (poucos) anos vimos M Frasquilho defender o corte nos impostos no Programa Barroso e a M Ferreira Leite a aumentá-los no Governo Barroso.(Não, não compro a ideia que Barroso não sabia o estado em que Guterres tinha mergulhado as Finanças).
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De modo que um Programa (uma proposta) não meramente populista implica que a cada proposta de redução de impostos corresponda uma proposta de redução de despesa equivalente.
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E não estou a inventar nada: Ainda há bem pouco tempo o Congresso norte-americano apreciou (não sei se já aprovou) uma proposta com este alcance. Porque George W.Bush decidiu reduzir os impostos sem assumir compromissos com a redução da despesa. Resultado: aumentou o déficit para níveis que só uma economia como a dos EUA pode suportar. Até quando, resta saber.
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Que os políticos façam tábua rasa da consistência das suas propostas, percebe-se, porque se habituaram a caminhar sobre areias movediças. Um blogger tem (deve) ter sobre o político e os jornalistas essa vantagem: Ninguém lhe encomendou a sua opinião e ninguém (o que é mais importante) lhe vai dar sequer qualquer tostão furado por ela.
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