Thursday, October 25, 2007

E SE MALTA EMBIRRAR? - 2

Sequência do cruzamento de argumentos com Adolfo Mesquita Nunes em Arte da Fuga a propósito da ratificação do Tratado Reformador.

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Adolfo, voltamos ao princípio?

A democracia representativa foi inventada precisamente para minorar problemas levantados pela democracia directa. Não é a mesma coisa pedirem-me para votar em A ou B, consoante a minha opção, para A ou B escolherem a melhor solução para um problema, ou pedirem-me a mim que resolva eu próprio o problema quando não tenho capacidade para tanto.

Mas nem todos os problemas apresentam igual grau de dificuldade. Alguns desses problemas, eu sei resolver sem recorrer à intermediação de representantes.

Óbvio, não?

No caso do referendo ao Tratado Reformador a questão é nítida: Imagine que todos os países membros, à excepção de Malta, ratificam o Tratado. E em Malta votam apenas 40% dos eleitores (admitamos, 120 mil). Destes 51% votam Não, portanto cerca de 61 mil eleitores. Destes, cerca de metade votou Não porque acha que o Tratado é excessivamente federalista e a outra metade considera-o insuficientemente federalista. Tudo isto em consequência de uma campanha que se polarizou nestes dois pontos.

Há algum sinal de siso nesta imponderabilidade que faz com que quase 500 milhões de europeus vejam os seus destinos comandados pelas caturrices de 61 mil malteses?

Já parece, por outro lado, muito pertinente que os malteses decidam se querem ou não permanecer na UE. Se querem manifestar essa vontade através de referendo ou no parlamento é lá com eles.

Com o meu pedido de desculpas aos malteses que, obviamente, foram atirados para aqui a título de exemplo.

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