Friday, October 26, 2007

MAL QUERIDA MATEMÁTICA

Muita gente nesta terra dá voltas às meninges para arranjar uma explicação para os maus resultados dos estudantes portugueses em matemática. Alguns culpam as calculadoras. É o caso de Margarida Corrêa de Aguiar em Quarta República .
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Já abordei esta questão várias vezes aqui no Aliás, mas como não se dignam de vir até cá continuam a fazer o diagnóstico errado...Perdoem a imodéstia.
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Comentei:
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Salvo o devido respeito, discordo.
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Se a questão nuclear desta fobia matemática residisse na utilização ou não da calculadora o problema estaria há muito tempo equacionado e resolvido.A questão é bem mais complexa.Retiro do seu texto duas afirmações:
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1- "Os maus resultados do ensino da matemática no nosso País são um "quebra-cabeças" para alunos, professores e Ministério da Educação"
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2 - "É hoje reconhecida a importância da matemática para a vida das pessoas em geral."
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No primeiro caso (a preocupação) não incluiu os pais nem a sociedade em geral. No segundo,(o reconhecimento) é abrangente.
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É na contradição entre estes dois pontos que reside o busílis da questão:Na realidade, lamentavelmente, a importância da matemática NÃO é geralmente reconhecida.Conheço mesmo casos de bons alunos de matemática que foram vítimas da sua capacidade. E não estou, ao dizer isto, a tentar fazer humor superficial. Vejamos alguns exemplos soltos:
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Já reparou, certamente, que muitos jovens que se empregam nos centros comerciais fazem as contas pelos dedos ou recorrem às máquinas e, frequentemente, se enganam porque não têm sensibilidade às grandezas com que estão a lidar? Para muitos um resultado de 2,7 que deveria ser 27 não lhes faz soar nenhuma campaínha. Foram estes empregados sujeitos a alguma prova de perícia aritmética pelos empregadores? Pelos vistos não. Contou, sobretudo, o aspecto físico, alguma cunha, mas não os conhecimentos do candidato.
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Vejamos como se comporta outro grande empregador: o Estado.Realiza o Estado provas de avaliação de competência na admissão dos seus funcionários?Nem para a admissão de professores de matemática. Aliás, uma das consequências do "numerus clausus" foi a entrada para as faculdades de matemática de maus (não todos, mas muitos)alunos a matemática no secundário. A crua realidade é bem esta: Muita gente clama que a matemática faz falta mas a verdade é que a grande maioria não é obrigada a dar por isso. A começar pelos alunos e pelos pais dos alunos.Como as pessoas respondem a incentivos, se o incentivo é quase nulo a resposta é a esperada.
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Só mais uma palavra quanto às vítimas de muito boas notas a matemática: alguns enveredam por uma carreira científica. Sabe o que lhes sucede?
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Muitos arrependem-se.

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