A transformação porque passa a China não tem paralelo na história da humanidade. Um dos factores mais decisivos do seu incomparável crescimento económico é a sua dimensão demográfica, 1,3 biliões de habitantes, constituindo um imenso mercado; mas a grande maioria da população produz a troco de salários baixíssimos sem qualquer possibilidade de reclamação ou protesto. Tanta gente constitui, portanto, uma força quase imbatível nos mercados internacionais mas pode também vir a mostrar-se uma avalanche imparável se, pelas razões cíclicas que caracterizam a evolução de todas as sociedades, um dia a caldeira da indignação explodir por falta de válvula de segurança.
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O controlo da população continua em vigor: Salvo condições excepcionais, a nenhum casal é consentido ter mais do que um filho podendo as penalizações implicarem a perda de emprego entre outras. Esta medida, que parece prudente numa sociedade que quer conter o cresciemento demográfico bem abaixo do crescimento económico de modo a superar os níveis de pobreza que ainda subsistem (20% da população tem um rendimento inferior a um dólar por dia) ameaça sobretudo os mais pobres (os mais ricos suportarão sempre bem as penalizações) e, de entre eles, os camponeses que procuram trabalho nas grandes cidades e para onde não podem levar a família nem encontrar escola para o filho que tem, obrigatoriamente, de estudar no local onde nasceu. A grande maioria destes imigrantes nacionais encontra-se com a mulher e o filho uma vez por ano, geralmente durante o Ano Novo.
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A predilecção, por razões sociológicas, dos chineses por filhos masculinos está, por outro lado, a produzir um desequilíbrio que se avalia em cerca de mais 40 milhões de nascimentos anuais do sexo masculino relativamente ao sexo feminimo, constituindo esta diferença outro factor potenciador de convulsões sociais no futuro.
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Nem tudo vai bem no Império do Meio.
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