Sunday, October 14, 2007

ALTERNATIVAS

O "Expresso" deste fim-de-semana noticia que "a Itália vai ser mãe de uma nova criatura que será a experiência política mais avançada, podendo iniciar uma nova era na geografia política do continente. Os "pais" baptizaram-no com o nome de Partido Democrático e, inovação total, os seus dirigentes serão escolhidos por todos os eleitores italianos, com mais de 16 anos, que queiram participar amanhã numa votação directa. Com dois boletins de voto na mão e um euro de contribuição para os gastos..."
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A democracia representativa, nascida em contexto que não adivinhava a televisão nem a internet, está cada vez mais ameaçada pelos discursos populistas que deslocam o discurso político dos parlamentos para os media, onde o debate, quando existe, tende a ser esgrimido com armas demagógicas. O populismo, que não nasceu com a televisão e a internet, encontra, contudo, nestes novos meios de comunicação um potente instrumento de propaganda sem paralelo em qualquer outra fase histórica.
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E não se vislumbra, por enquanto, como é que esta trajectória que privilegia os comunicadores e engole acriticamente os comunicados, do mesmo modo que engorda as ideias com doses maciças de telenovelas e "reality shows", possa ser travada. Uma conclusão parece poder retirar-se: a democracia representativa ou se adapta aos novos desafios ou está condenada a ser submergida pelas insinuações da participação directa. Com todas as imponderabilidades que ela implica.

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