Tuesday, April 22, 2008

TRIVIALIDADES

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O cidadão comum que leia ou ouça que o Estado deveria pagar o que deve a fornecedores, recorrendo a empréstimos se não tem meios disponíveis, e que deveria na suas contas contar como dívida aquelas dívidas, se não souber dos meandros por onde se governam as habilidades de gestão da administração pública, interroga-se se estará a ouvir bem e a perceber convenientemente.
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Quando, no início da governação do actual executivo, ao governador do Banco de Portugal foi encomendado analisar o défice do OGE que transitava do governo anterior, e o governador-auditor recalculou em seis-vírgula-qualquer-coisa-que-não-me-lembro-agora o mal fadado défice, o cidadão comum percebeu (talvez mal) que, a partir daí, não haveria mais contas por pagar fora do rol. Tal convicção foi-lhe mais tarde repetida quando o líder parlamentar da oposição (por acaso ex-chefe do governo anterior) reclamou que iria solicitar ao governador-auditor um exercício idêntico aquele que ele tinha realizado dois anos antes. Como a reclamação ficou por ali, o cidadão comum subentendeu (pelos vistos, mal) que o ex-chefe teria recuado nas intenções por falta de cabimento. Isto é, o cidadão comum, concluiu (mal) que no rol das dívidas não faltaria uma sequer. Pelos vistos, continuam a faltar muitas.
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E assim, resumidamente, chegamos a uma conclusão trivial: O Estado nem paga a tempo e horas nem sabe a quem deve. Ou, se sabe, não diz.
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E a outra: A oposição sabe que assim é mas não reclama a actualização permanente do rol.
Porquê? É sobretudo nas habilidades com que iludem os cidadãos que não se distinguem as oposições dos governos.

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