Wednesday, April 23, 2008

PS/PSD/CDS

Um dos aspectos mais, aparentemente, espantosos da política à portuguesa é o de queixarem-se as oposições de o governo lhes entrar em casa, adoptando políticas que não são congenitamente suas (do partido do governo) mas surripiadas a eles (os partidos das oposições). Mais espantoso ainda, é queixarem-se as oposições que o governo adopta políticas que eles, partidos da oposição quiseram adoptar quando eram governo mas foram impossibilitados de o fazer porque as oposições de então, de entre as quais se destacava o partido que sustenta o actual governo, lhes boicotaram as intenções. Mas mais espantoso ainda, é queixar-se o governo da barragem de críticas que lhes fazem as oposições relativamente a políticas que o governo quer adoptar e que não são substancialmente diferentes daquelas que as oposições defendiam quando eram governo. Sobretudo espantoso, é queixarem-se as oposições uma da outra de invasões do vizinho nos seus terrenos seculares. Queixumes por todos os cantos da casa , portanto.
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Complicado? De modo algum. A luta política, nos tempos que correm, não se trava em Portugal à volta de um conjunto de ideias nucleares. Se colocarmos de parte o PC e o BE, subordinados a uma ideologia que não admite discussão fora do restrito núcleo central, os partidos do arco do governo, democráticos-burgueses na acepção marxista-leninista, enfrentam-se com relutância na adopção de medidas liberalizantes que, no entanto, não podem deixar de ser adoptadas num mundo globalizado e, portanto, cada vez mais competitivo.
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É neste contexto que, por conjugação de uma lideranca que se tem mostrado relativamente perseverante e do apoio da maior parte dos associados que perdoa os desvios dos princípios em nome do sucesso do clube, o actual governo tem navegado com relativo sucesso.
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Os partidários do governo, com algumas sonoras excepções, rejubilam sem cuidar muito da matriz primordial do partido, as oposições irritam-se com as ultrapassagens pelo lado contrário.
Ao cidadão comum ocorre o lema de Deng Xiaoping: Não importa a cor do gato desde que cace ratos. E alguns têm sido caçados, segundo se percebe pelas irritações das oposições.

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