Friday, April 11, 2008

SINERGIAS POLÍTICAS

O convite feito pela administração da Mota Engil a Jorge Coelho para presidir ao Grupo tem levantado a peregrina celeuma num país que não sabe viver sem uma dose diária dela.
Avesso que sou a fulanizar questões, entendo que o que está em causa não tem nada de novo nem é esperável que possa deixar de acontecer, enquanto houver Estado. Mais do que apreciar se existe uma situação eticamente reprovável (sempre susceptível de depender da óptica do observador) já que a legitimidade não parece que alguém a ponha em causa, na permuta de políticos entre o Estado e as empresas, o que importa é analisar a forma de reduzir essa permuta que pode conter, e geralmente contem, intenções espúrias.
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A este propósito, comentei aqui :
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Período de nojo: (...) O período de nojo (de que tanto se fala, a propósito do número de anos passados desde que JC deixou o ministério) não terminou há sete anos (...).
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Jorge Coelho, independentemente da avaliação que se fizer das suas competências, foi, é, e continuará a ser um dos políticos do partido socialista mais influentes na governação e no partido. Independentemente do número de anos que passaram desde que deixou o ministério.
É por demais evidente que, sem contestar as putativas competências do visado, a família Mota ao convidá-lo não o fez sobretudo em função das suas credenciais profissionais mas das suas relações políticas. Discutir se a permuta entre Estado e empresas privadas é mais ou menos ética, é discutir o sexo dos anjos. Jorge Coelho, é apenas um entre muitos casos de aproveitamento pelas empresas das sinergias que o acesso aos cais do poder lhes proporciona aos negócios. Aconteceu, recentemente, no BCP, vai continuar a acontecer em outra situação qualquer. Estamos a assistir, não à socialização da economia através de recrutamento de dirigentes do partido socialista, mas à captura de socialistas para os interesses das empresas. Quando, um dia destes, o PSD voltar a ser governo, (vai demorar, mas um dia chegará) as competências a recrutar serão primordialmente do PSD. E digo, primordialmente, porque nestas questões hà muitas solidaridades interpartidárias (que se mantêm qualquer que seja o partido no poder).
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Segundo - Dizendo o que disse, concluo que estamos perante uma inevitabilidade.Que só pode ser reduzida reduzindo o peso do Estado.
E dando ao Tribunal de Contas mais competências no sentido de escrutinar de forma mais apertada o lançamento e adjudicação das grandes compras do Estado (e para sancionar proporcionalmente as práticas ilegais que forem detectadas)

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