Saturday, February 05, 2011

O TAMANHO DO ESTADO - 2

Discutiam futebol, a crise do Sporting, as dívidas do Sporting, os maus resultados do Sporting, então quem é que vai hoje à noite à despedida do lévezinho?, e não passavam dali.
Ainda procurei interessar o colega à direita para um assunto menos transcendente mas o tema esgotou-se em menos de dois minutos.

Ora eu não sei, aliás nunca soube, discutir futebol. A questão em causa poderia interessar-me do ponto de vista da gestão da SAD leonina por razões de eventuais interesses de investimento em bolsa, mas não era o caso. Sendo completamente leigo na matéria que tanto entretinha os meus amigos mais próximos na mesa, provoquei uma discussão à volta de um assunto menos esotérico, pelo menos para mim. E atirei: O líder do PSD  afirmou querer saber, no contexto das empresas públicas que dão prejuízo crónicos e que têm boas alternativas no mercado privado, quais são as que o Governo entende que devem encerrar.

O A., que é um social-democrata-liberal, disse que PCoelho não medira bem o alcance da afirmação feita porque, evidentemente, não se pode, por exemplo encerrar a CP. Estivemos todos de acordo, mas sempre adiantei que tinha entendido as palavras de PCoelho noutro sentido: de que deve o governo identificar as empresas públicas que devem ser encerradas e não que todas deveriam ser encerradas.

Por exemplo: Por que não é encerrado o BPN, que continua a acumular prejuízos em cada dia que passa, e que terão de ser pagos por todos quantos nada têm, nem nunca tiveram, a ver com as vigarices que ali se praticaram? 

O A., não esteve de acordo. Para ele, o caso do BPN é simples: Os prejuízos actuais decorrem da situação anterior e da má gestão actual. Se for dispensado dos prejuízos acumulados anteriormente e for bem gerido será rentável. Encerrá-lo seria asneira porque seria destruir um património humano, tecnológico e comercial. Ora, rematou A., o país não pde dar-se ao luxo de destruir esse património.

A partir daqui a discussão divergiu para outro exemplo avançado po mim, a RTP, e o socia-mecocrata-liberal A.,continuou a defender que também a RTP, e ele estava em boa posição para o afirmar, pode ser rentável se for gerida  de forma conveniente.

Ora, argumentei eu, qualquer empresa financeiramente equilibrada e bem gerida é rentável. A menos que, como o caso da CP, a sua actividade deva ser parcialmente remunerada pelo OE por razões de interesse público. Mas neste caso essa remuneração deve ser fixada e o Estado deve pagar pontualmente de acordo com os compromissos contratualmente assumidos. E,neste caso, por que razão é que a gestão tem de ser pública?

E para que queremos  várias estações de televisão e rádio publicas? Se há um serviço público identificável, será quantificável, e, nesse caso, por que razão é que a gestão não pode ser privada?

Se os activos do BPN podem ser rentabilizados por que razão não são vendidos? E se a venda não é possível, para já, porque não se fecham as portas de forma a estancar os prejuízos, e vender os activos quando a oportunidade surgir, ficando o pessoal em casa a aguardar outros accionistas?
É isto que PCoelho diz querer saber, se bem o entendi.
E eu, também. 
E não sou militante social-democrata-liberal.     

3 comments:

António said...

E não sou militante social-democrata-liberal.

Nem o outro era.
Quando muito, era (é ou quer fazer dos outros)parvo.
Qualquer esquerdóide de gemaatira logo com uma resposta como a tal da CP, porque sabe que todos sabemos, incluindo os seus mais gestores e chefes que trabalhadores, que a CP tem de dar alguma coisa nos preços que pratica. Ou seja, somos nós que damos, nos preços, aos utentes, embora nem todos o sejamos, mas parece que damos muuuuiiiitooooomais nos chorudos benefícios dos seu "gestores" e respectica cáfila de chefes sub-chefes factores e outros tipos que por lá abundam e que têm umas classificações profissionais assaz estranhas.
Não é precisos derreter a mioleira para descobrir que além de umas dez mil empresas publicas há ainda umas vinte mil fundações e outras coisas com outros nomes, mas que não me recordo agora. Não tenho a memória do Bibi.
Mas se for eliminada uma boa percentagem dessas sanguessugas e corridos para sempre os inuteis que se por lá se governam, podemos começar a pensar o que se há-de fazer com o superhavit das contas publicas.
Podia-se fazer até fazer uns aeroportos, umas linhas de caminho de ferro e comprar mais umas coisas...
Fácil, não?

rui fonseca said...

Fácil, não?

Não tanto.
Em todo o lado há gente menos boa e boa gente.

António said...

Pois é. Mas acabando com a menos boa, fica só a boa.
E tudo fica melhor.
O que é preciso, é fazer.