A afirmação feita ontem por Campos e Cunha durante a primeira conferência do Ciclo de Conferências promovido pelo DN, Sedes e CGD, é incontroversa porque reflete o sentimento dos portugueses traduzido nas sondagens de opinião, sustentadamente lisongeiras para tantas falhas do governo.
Prever 2011 foi o exercício a que se propôs Luís Campos e Cunha, na primeira conferência, de um ciclo de seis, organizada pela SEDES/DN/CGD. O professor apontou a falta de credibilidade do sistema político português como um dos entraves à saída para a crise. Não poupou nenhum dos dois grandes partidos, uma posição comum a todos os comentadores presentes. Quanto à situação económica e à sua resolução, o professor traça dois cenários, alertando para o risco de uma forte recessão se o sector bancário deixar de poder financiar-se.
A falta de credibilidade dos partidos da oposição, em que o PSD se inclui, é um dos problemas apontados por Campos e Cunha para as dificuldades que Portugal enfrenta na recuperação da crise. "Este Governo [do PS] é mais responsável porque foi o que liderou o País nos últimos seis anos", defende o presidente da SEDES (Associação para o Desenvolvimento Económico e Social), que ontem deu início ao ciclo de seis conferências comemorativas dos 40 anos da instituição, alertando que "o PSD, assim como os partidos da oposição, ainda têm um problema de credibilidade".
Prova disso, segundo Campos e Cunha - que aponta uma sondagem recente sobre sentido de voto dos portugueses e em que o PSD surge com vantagem -, está o facto de mais de 50% dos portugueses não terem respondido. "No dia-a-dia das pessoas há uma perplexidade que leva a um problema de credibilidade na representatividade", reforça o antigo ministro das Finanças de José Sócrates.
Para que um governo PSD fosse capaz de refundar Portugal, teria de fazer a "separação das águas", defendeu Campos e Cunha, apontando para os sectores público e privado, uma vez que, disse: "este Governo tem caído na tentação de gerir, interferir e governamentalizar empresas onde não era suposto", referindo-se a casos como os da PT ou a da Caixa Geral de Depósitos. Além de o Governo dever "ser minoritário" nestas empresas privadas, as mesmas deviam ser claras quanto "a subsídios, inserções ou adjudicações directas concedidas", por forma a "evitar suspeitas", contribuindo-se assim para a "credibilização".
Não assisti à conferência, da intervenção de Campos e Cunha conheço apenas o relato do DN. Parece, no entanto, depreender-se da comunicação de CC que as conclusões do conferente apoiadas pela assistência não suscitaram, também elas, caminhos que possam conduzir à emergência da credibilidade política que o País precisa.
Porque o fioco não é grande coisa, não senhor, mas é o que há cá. Como e onde é que se arranja outro? Campos e Cunha não disse.
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