Tuesday, February 22, 2011

OS ÁRABES - 4

O Economist on line publica esta semana um vídeo: The shoe-thrower´s index, onde, através de um conjunto de indicadores ponderados (número de anos do actual governo no poder, percentagem da população com idade abaixo de 25anos, população com idade abaixo dos 25 anos, PIB/pessoa, ausência de democracia, corrupção e liberdade de imprensa)  tentam avaliar a vulnerabilidade dos países árabes a processos revolucionários.

A liderar o ranking está o Yemen, seguido da Líbia, Síria, Iraque, Egipto, Oman, Mauritânia, Arábia Saudita, Argélia, Tunísia, Jordânia, Marrocos, Bahrain, Líbano, UEA, Kwait e Qatar.
 
O Economist não considerou a importância estratégica das reservas petrolíferas em alguns desses países talvez por considerar que esse possa ser um factor de instabilidade, por um lado, mas também de estabilidade, por outro. De instabilidade,  porque se o seu domínio cair nas mãos de governos fundamentalistas islâmicos, declaradamente inimigos dos países democráticos, pode tornar uma intervenção bélica de larga escala uma opção sem alternativas e incendiar o mundo; de estabilidade, porque aquela ameaça determina uma reacção de defesa preventiva redobrada, ainda que, como até aqui se tenham de segurar no poder os actuais tiranos. É a realpolitik na sua dimensão mais cínica.
 
A revolução líbia está, naturalmente, a provocar o aumento dos preços do crude. Imagine-se o que poderia ocorrer se uma revolução de dimensão relativa idêntica se instalasse na Arábia Saudita, Kwait, Bahrain, etc.
 
A probabilidade de ocorrência de uma revolução na Arábia Saudita é inversamente proporcional  à importância estratégica das suas reservas petrolíferas porque o caos resultante de uma guerra civil naquele território provocaria imediatamente o caos na economia mundial. E, provavelmente, uma guerra global.

A paz mundial há muito tempo que não estava tão presa por arames como hoje.

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