Thursday, January 21, 2010

XEQUE AO REI - 10

Caro Vitor Bento,
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Tanto nos posts que tem colocado aqui como no seu "Perceber a crise para encontrar o caminho" as suas conclusões e recomendações, explícitas ou implícitas, não podem ser mais claras. O problema é que nem toda a gente (a grande maioria, pelos vistos, caso contrário já teriam sido perfilhadas) as quer entender. E não quer porque essas conclusões implicam mudanças que colidem com muitos interesses instalados. Ou, no caso da redução dos salários, com a adopção de políticas que terão custos que ninguém está disposto a pagar.
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Terá este aviso* do FMI impacto suficiente para provocar um acordo pluripartidário que seja suporte da mudança a curto e médio prazos? Duvido.
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E duvido porque um tal acordo, não consubstanciado numa responsabilidade directa de governo, descambará, na primeira oportunidade que um dos subscritores descortinar para pôr em causa a lisura do outro ou dos outros.
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E é aqui que, do meu ponto de vista, a intervenção do PR é imprescindível.Precisamos de um governo maioritário pluripartidário. O PR não deveria ter dado posse a um governo minoritário de forma tão expedita tendo em conta a situação em que o país se encontrava. Mais: Andou mal quando, ainda recentemente, afirmou que este governo minoritário tem condições para governar porque ele próprio governou em condições idênticas. O que, é por demais evidente, lamentavelmente para todos, não é assim. A situação económica, social e financeira do país é, reconhecidamente, e também pelo PR, muito crítica.
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Que fazer? Para grandes males, grandes opções: Se a proposta de OE não apontar para uma trajectória que corrija as distorções económicas perversas actuais e reequilibre as finanças a médio prazo, o PSD e o CDS têm a obrigação de o chumbar (o BE e o PCP chumbá-lo-ão por outras razões).
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De eleições antecipadas não resultarão, certamente, diferentes equilíbrios partidários significativos. Mas ainda que tal acontecesse a situação exige um governo maioritário pluripartidário.
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O PR pode, e deve, do meu ponto de vista, forçar a constituição desse governo. Com isso colocará em risco a sua reeleição? Não quero acreditar que o PR tenha subjacente à sua trajectória política o receio de fazer o que as circunstância impõem.
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