Saturday, December 19, 2009

O DÉFICE DE SAMPAIO

Quando era PR, e já muita gente alertava para a urgência de equilibrar as contas públicas, Jorge Sampaio teve uma das suas tiradas que ficou como referencial da sua ausência de sentido da gravidade da situação em que o país tinha embarcado sem se dar conta disso. Perante as preocupações levantadas sobre a displicência com que se empregavam dos dinheiros públicos, Sampaio entendeu encolher os ombros e prégar aos portugueses que "há mais vida para além do défice". Nessa altura, MFLeite, que não tem primado ultimamente pela oportunidade e pertinência nas observações que faz, ripostou que "é possível que haja mas não será grande coisa". E tinha, obviamente, razão.
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As dificuldades que Portugal hoje enfrenta não começaram ontem. Sampaio reconhece agora que a situação é grave e pede compromissos para combater o défice. Na entrevista que concedeu ao Público, e que pode ser lida na íntegra aqui, o ex-PR apela a um compromisso partidário que possa sustentar o estabelecimento de um plano de intervenção que, além do mais, combata o défice. É irónico e trágico este apelo por vir de quem vem mas lamentavelmente certeiro. Os apontamentos que tenho nestes últimos dias dedicado ao assunto vão todos eles em sentido idêntico, adiantando, no entanto, aquilo que Sampaio não quis sugerir explicitamente: a responsabilidade que se impõe ao actual PR na promoção do entendimento partidário necessário e que ele, por enquanto pelo menos, não quer assumir.
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Num país onde se continua a sobrepor aos seus problemas mais críticos assuntos secundários, esta entrevista de Sampaio estará, muito provavelmente, condenada a fazer encolher os ombros com a mesma displicência que ele usou quando menosprezou o descontrolo das contas públicas.
Desacreditado por aquilo que, irresponsavelmente, disse, os avisos, pertinentes, de Sampaio cairão no saco roto da nossa inconsciência colectiva.
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