Friday, May 11, 2007

O FULANISMO E LISBOA



Carmona leu ontem o seu discurso de despedida sublinhando que tinha sido eleito pelos lisboetas e deitado borda fora pelos partidos. Como se fosse uma personalidade com créditos firmados na opinião pública quando o seu amigo Pedro se lembrou dele e depois, para grande desgosto de Pedro, o PSD fez dele cabeça de lista nas eleições para a Câmara de Lisboa.
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Alguém sabe de um projecto, de uma ideia, de uma intenção de Carmona para Lisboa? Parece que ninguém sabe.
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Diga-se em abono da verdade que a democracia portuguesa tem sido marcada, desde o seu início, por uma marca de fulanismo incontornável. As campanhas eleitorais promovem caras e slogans bons para vender produtos de drogaria. Ideias, geralmente não aparecem, não se discutem. Discutem-se os fulanos.
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Com a queda da Câmara nem uma questão candente foi até agora lançada para a mesa. Lisboa tem equimoses expostas em que a população não repara, a quem a evidência da chaga não causa o mínimo sobressalto. Ouve-se dizer que a Câmara tem uma dívida ameaçadora para o futuro da cidade mas as pessoas pensam que é assunto que não lhes diz respeito, alguém tratará oportunamente do caso; para quê, então, interrogar e responsabilizar quem gastou e como gastou o que não devia?
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Não havendo perguntas não há respostas.
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Estão a chegar os fulanos. Geralmente conhecem-se os cabeças de cartaz, e são estes, e só estes, que se discutem. Os outros são meninos de coro candidatos a uma vaga de emprego.

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