O Guggenheim de Nova Iorque reuniu numa exposição, no Verão de 1998, que denominou "Rendezvous- Masterpieces from the Centre Georges Pompidou and The Guggenheim Museums", as obras mais representativas das colecções dos dois museus. Estando, por perto, fomos visitar o confronto, que subia na estupenda espiral concebida por Frank Lloyd Wright, das obras menos recentes às mais recentes. Estavam lá todos os artistas famosos dos últimos 100 anos: Bacon, Balthus, Beuys, Brancusi, Braque, Calder, Cézanne, Chagall,Chillida, Dali, Chirico, Kooning, R. Delauney, S. Delauney, Derain, J. Dubufffet, Duchamp, Max Ernst, Giacometti, Gorky, Juan Gris, Jasper Johns, Kandinsky, Paul Klee, Ives Klein, Léger, Lichtenstein, Magritte, Matisse, Miró, Modigliani, Mondrian, Picabia, Picasso, Pollock, Rauschenberg, Rothko, Serra, Tàpies, Warhol, e muitos outros.
E lá mesmo em cima, quase a terminar o desfile, sobre uma peanha, dentro de uma campânula de vidro, uma lata de excrementos de Piero Manzoni, obra (produto) intitulado (com marca) em italiano (mas também em inglês e alemão, por indubitáveis intenções de exportação do produto) : "Merda d´artista". Como sempre acontece nestas ocasiões, os visitantes miravam, remiravam, davam a volta à peanha, alguns, poucos, comentavam discretamente, poucos sorriam, não vi quem desatasse uma incontida gargalhada. Os museus de arte, mesmo de arte contemporânea, são atravessados pelos visitantes como se atravessam as catedrais: em silêncio, respeitador das relíquias elevadas aos altares.
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Piero Manzoni só viveu 30 anos, mas durante a sua curta existência não obrou apenas as 90 pequenas latas, uma das quais, a nº. 031, pertence ao Georges Pompidou. São contudo as suas latas, a que ele atribuiu o preço de igual peso em ouro, que constituem a sua imagem de marca, tendo um dos exemplares atingido no último leilão da Sotheby's um preço recorde de 124 mil euros. Ao mesmo preço, a produção total valerá quase 12 milhões de euros.
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É obra!
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(via O Jumento )
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Transcrevo do catálogo da exposição de 1998:
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"The work of art, wrote Manzoni, "finds its source in an unconscious impulse issued from a collective substractum of universal value. It is this common foundation that all people derive their gestures and the artist roots the arkhai of organic existence...The work of art thus acquires a totemic value, as living myth, primary and direct expression freed of sybolic descriptive burdens". "Clearly, today, we cannot help but recognize the "totemic value" of Manzoni´s can of shit. While it adressed the mercantile system (is was literally worth its weight in gold), just as the plastic-wrapped corpses planned by Manzoni would have been an homage to the museum system. Artist´s Shit nº.031 is one of the most ccomplished self-portraits of recent art.
E lá mesmo em cima, quase a terminar o desfile, sobre uma peanha, dentro de uma campânula de vidro, uma lata de excrementos de Piero Manzoni, obra (produto) intitulado (com marca) em italiano (mas também em inglês e alemão, por indubitáveis intenções de exportação do produto) : "Merda d´artista". Como sempre acontece nestas ocasiões, os visitantes miravam, remiravam, davam a volta à peanha, alguns, poucos, comentavam discretamente, poucos sorriam, não vi quem desatasse uma incontida gargalhada. Os museus de arte, mesmo de arte contemporânea, são atravessados pelos visitantes como se atravessam as catedrais: em silêncio, respeitador das relíquias elevadas aos altares.
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Piero Manzoni só viveu 30 anos, mas durante a sua curta existência não obrou apenas as 90 pequenas latas, uma das quais, a nº. 031, pertence ao Georges Pompidou. São contudo as suas latas, a que ele atribuiu o preço de igual peso em ouro, que constituem a sua imagem de marca, tendo um dos exemplares atingido no último leilão da Sotheby's um preço recorde de 124 mil euros. Ao mesmo preço, a produção total valerá quase 12 milhões de euros.
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É obra!
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(via O Jumento )
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Transcrevo do catálogo da exposição de 1998:
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"The work of art, wrote Manzoni, "finds its source in an unconscious impulse issued from a collective substractum of universal value. It is this common foundation that all people derive their gestures and the artist roots the arkhai of organic existence...The work of art thus acquires a totemic value, as living myth, primary and direct expression freed of sybolic descriptive burdens". "Clearly, today, we cannot help but recognize the "totemic value" of Manzoni´s can of shit. While it adressed the mercantile system (is was literally worth its weight in gold), just as the plastic-wrapped corpses planned by Manzoni would have been an homage to the museum system. Artist´s Shit nº.031 is one of the most ccomplished self-portraits of recent art.
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