Défice ou excedente? Miranda Sarmento e Medina às turras com contas do Estado
Hoje vou, conscientemente, entrar terreno de areias movediças e cheiro a lodo, enjoativo.
Dois políticos com formação académica suficiente para se entenderem sobre dois conceitos, facilmente distinguíveis para quem tem obrigação de os distinguir mas também facilmente confusos para quem não entende minimamente as subtis diferenças - contabilidade pública e contabilidade nacional - entraram em confronto público mimoseando-se mutuamente com alusões impróprias de quem tem obrigação de se segurar ao decoro que as funções, que um desempenhou até há pouco tempo e outro substituiu, impõem.
Ganhamos, nós portugueses, alguma coisa com esta prematura mas inglória luta de galos pelo poder, perante o aplauso incontido de um terceiro terceiro galo para entrar em palco e os afastar - onde outros galos alinhados dos lados dos primeiros se batem à bicada por outras questões, e são muitas e crescentemente mais - os agarre pelos pescoços arranhados e os chute para fora do palco?
Não ganharemos nada.
O país encontra-se em situação económica e financeira débil, e não aproveita de modo algum aos portugueses, porque é inconsequente e só pode encarniçar os galos em confronto, discutir quem são, quem foram os culpados.
A democracia, para vingar impõe o confronto de ideias mas também a contenção e o respeito entre adversários no lugar próprio, a Assembleia da República. Fora dela, a democracia lançada para a rua ou, pior ainda, para os subterrâneos das redes (in)sociais, descambará no caos, o terreno fértil das ditaduras onde murcham, irremediavelemente, as liberdades de pensamento e expressão individuais sustentadas pelo respeito não alienado pelas manifestações em massa informe.
Sim, sou visceralmente contra as manifestações públicas ou subterrâneas que congregam e excitam os instintos indomáveis da espécie humana.
Se a prevalência dos valores democráticos não se dirime em última instância entre os eleitos pelo povo, como e onde é que podem convergir os interesses do povo?
A democracia, dizem-me, não se esgota no confronto de opiniões no parlamento. Até porque os eleitos são, em grande parte, néscios.
Se for, irremediavelmente, assim, ficamos outra vez sentados à espera do "homem/mulher" providencial?
3 comments:
O confronto citado está longe de ser inoportuno ou sem sentido. Revela uma intenção de dizer o contrário da verdade para conseguir uma finalidade clara: não há cacau para cumprir o prometido.
Gostei.
Abraço-
Anonymous,
Prometido por quem?
Por todos.
Obrigado pelos comentários
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