Wednesday, April 22, 2009

NOZES, PORTUGUESAS

Dizem que estudos científicos levaram à conclusão que 6 nozes diárias após as refeições ajudam a a combater o colesterol. Alertam-nos em cada esquina os produtores de alimentos supostamente redutores do colesterol que ele é uma ameaça que não pode ser escamoteada. Os laboratórios promovem fármacos contra o colesterol que, não tendo ainda sucedâneos genéricos, são caríssimos.

É por demais evidente que não pode combater-se o colesterol apenas com meia dúzia de nozes por dia e dispensar-se os fármacos. Contudo, para quem gosta de nozes, e pouca gente não gostará, a descoberta é animadora e pode, eventualmente, reduzir a conta da farmácia.

Acontece que as nozes não são baratas e as nozes portuguesas são bastante mais caras que as francesas, para produtos de qualidade semelhante. Porquê?

Resposta óbvia: Porque os produtores franceses de nozes, por razões diversas, têm produtividades superiores aos portugueses. Por uma questão de solos, de dimensão da propriedade, do clima, das espécies cultivadas, dos processos de cultivo, apanha e distribuição, por uma destas razões ou outras, as nozes francesas são vendidas em Portugal, depois de atravessar a Espanha a um preço que é cerca de metade do preço das lusas nozes.

Haverá, talvez, diversas razões, salvo uma: a do custo de mão-de-obra, que é certamente superior em França ao custo da mão-de-obra em Portugal.

Estamos perante uma situação em que o conceito de produtividade é aplicável sem sofismas: as nozes portuguesas são mais caras porque os produtores portugueses de nozes são menos produtivos que os seus concorrentes franceses. Como é que se supera esta improdutividade lusa é uma questão a que só pode responder quem souber bem de produção de nozes. O que não é o meu caso. Mas também não era aí que queria chegar. Em todo o caso a questão tem solução se os motivos que bloqueiam a improdutividade lusa forem suceptíveis de serem removidos. Caso contrário, um dia deixarão de existir nogueiras em Portugal.

Há muitas outras situações, contudo, onde a improdutividade real é encoberta por produtividade estatisticamente aparente e a remoção dos bloqueios não é vislumbrável. O senhor Procurador-Geral da República dizia ontem que não é esperável que o processo "Freeport" esteja encerrado até ao fim do ano. A produradora geral adjunta incumbida de deslindar o imbróglio tinha anteriormente dado esperanças de que até ao fim do ano o inquérito estaria concluído. Parece que não.
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Trata-se de um processo iniciado há mais de quatro anos que promete corroer até ao tutano a credibilidade da justiça e da política em Portugal. Está sem fim à vista.
E, no entanto, a produtividade dos senhores magistrados do Ministério Público, medida segundo os critérios estatísticos correntes é, relativamente, elevada: mais ou menos o quociente entre o valor dos seus vencimentos e adicionais e o número de horas trabalhadas. Sensivelmente igual à dos seus colegas franceses.
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Como reduzir o colesterol que entope a administração pública em Portugal e, nomedamente, a administração da Justiça é uma questão que não se resolve com nozes francesas. Mas o mais dramático é que ninguém parece conhecer fármaco eficaz nem projecto para o descobrir.

2 comments:

Anonymous said...

É extraordinário o que se atrevem a escrever,sem saberem nada da matéria.
1º Sabia que em Portugal, se recebe quase metade dos subsídios que em França?
2º Sabia que uma nogueira leva cerca de 200lL de água à custa da electricidade, com a diferença de preço escandalosa que existe?
3º Sabia que os mesmos produtos fito farmacêuticos,são em Portugal cerca de 40% mais caros?
4º Sabia que as nozes depois de colhidas tem que ser lavadas e secas predominando,cá ou lá,o gás para esse efeito sendo o preço mais do dobro cá.
5º Sabia que cá as nozes mais escuras não entram no mercado,por ser proibido(graças a Deus) o uso da lavagem com lixívia,de uso corrente lá?
6ª Sabia que mão de obra cá ou lá é feita por romenos e ucranianos e é igual:40 Euros dia

João Tété said...

As nozes francesas que entram no mercado nacional são normalmente mais baratas que as portuguesas, mas a qualidade é muito inferior (muitas da colheita do ano anterior - velhas ) e a maioria de calibres que nós consideramos de refugo (inferior a 28)