Senhor Director do Museu Nacional de Arte Antiga,
Visitámos recentemente o MNAA atraídos, desta vez, pela exposição dedicada a Josefa de Óbidos. Felicito-o, além do mais, pela apresentação pública de algumas obras desta artista que, de outro modo, não poderíamos ter visto.
Aproveitei para levar os meus mais novos a voltar a ver algumas das peças mais valiosas do Museu, incluindo, naturalmente, a " Custódia de Belém".
Subimos a escada de acesso ao terceiro piso, e à esquerda, existe aquele recanto onde a mensagem "Custódia de Belém" é, provavelmente, a mais impressiva do Museu, até por estar rodeada das fotos dos trabalhos que lhe restituíram a frescura original.
E, no centro do espaço delimitado pelas informações e fotografias dedicadas à "Custódia de Belém", está uma peça que não é a "Custódia de Belém". A "Custódia de Belém" encontra-se recatada a um canto da sala em frente.
Porquê?
Respondeu-nos um funcionário que talvez não houvesse outro espaço para a colocar.
Disse-nos outro, menos jovem, que também ele achava estranho estar uma peça no espaço dedicado à "Custódia de Belém" que não é a "Custódia de Belém" induzindo em erro quem não esteja familiarizado com a beleza da peça mais preciosa da ourivesaria portuguesa. E sugeriu-nos que reclamássemos no livro respectivo.
Ora, sr. Director, eu não tenho reclamação nenhuma a apresentar.
Também leigo em ciências museológicas, não me chega gabarito para reclamar neste caso, mas intriga-me o facto de estar a "Custódia de Belém" bastante deslocada do espaço que, aparentemente, foi criado para a acolher. E, mais intrigante ainda, encontrar-se o centro desse espaço dominado por uma outra peça de ourivesaria.
Tendo, como toda a gente, alguma curiosidade pelo conhecimento dos resultados de charadas que não sei resolver, solicito-lhe o favor de me mandar por esta via a solução desta.
Respeitosamente,
Rui Fonseca