Tuesday, July 14, 2015

INFINDÁVEL CRÉDITO IMORAL


- Pelos vistos, muitos querem repor novo desbragamento a custo do contribuinte e de mais endividamento, para voltar a uma crise ainda maior.  - cf. aqui.
- As políticas de esbanjamento, nunca terminarão enquanto aos políticos ávidos de votos aparecerem banqueiros, ávidos de comissões, oferecendo empréstimos sob garantia dos impostos pagos pelos contribuintes.

4 comments:

Pinho Cardão said...

Caro Rui:
Acho que seria muito mais útil e pedagógico, em vez de diabolizares quem empresta o dinheiro, criticares que o pede e utiliza em desperdício. Até porque os tais banqueiros ávidos e outros nada ávidos nunca receberam em juros os montantes que já perdoaram. Já pagaram pela imprudência, enquanto os devedores beneficiaram por duas vezes, quando receberam e quando ficaram isentos de pagar uma parte do que deviam.
Aliás, não conheço nenhum caso em que os Bancos fossem de pistola em punho obrigar a Grécia a pedir emprestado; mas há muitos aos quais a Grécia se dirigiu a implorar, sob pena de não pagar salários.

Rui Fonseca said...


Caro António,

As culpas dos bancos não desculpabilizam as dos tomadores dos empréstimos.

Contudo, se quisermos evitar que estas situações se repitam no futuro só há uma via: as responsabilidades pelos créditos incobráveis devem ser, em última instância, do sistema bancário como um todo. Se o banco A compra dívida do Estado X ou financia o cliente Z, e X ou Z entram em incumprimento a questão deve ser derimida entre A, X ou Z.

Foi esta ausência de responsabilização integral dos bancos pelos actos cometidos
que levou a UE ao estado em que se encontra. E que, espera-se, não desencadeie mais uma guerra na Europa.

Quanto à pistola em punho, sabes bem que estas coisas se acomodam sempre em ambientes de grande cordialidade.

Pinho Cardão said...

Caro Rui:
O que recomendas já foi posto em prática em Portugal, com o Banco Espírito Santo. O sistema bancário tomou as responsabilidsades pela capitalização do Banco.
Que sucedeu? Uns criticaram, porque devia era haver nacionalização e aí, pelo que eles sugerem, e só eles compreendem, já não se gastava dinheiro público...
Outros criticaram porque e porque e porque...
Quanto à Europa, há muito que o problema ficou resolvido. Os Bancos gregos não representam a Europa e a crise actual dos bancos gregos nada teve a ver com actividade bancária, mas com a incompetência política dos governantes.

Rui Fonseca said...


Caro António,

Muito obrigado pelos teus comentários.
Aqui no Aliás aprecia-se sobretudo a discordância de pontos de vista.

Quanto ao BES e a solução, há quem discorde, pois há. Há sempre quem discorde.
Eu não discordo, a grande maioria não discorda. Mas eu, como muita gente, desconfia que, no fim a diferença vai ser suportada pelos contribuintes ...

Houve incompetência dos governantes gregos? E dos governantes portugueses? E dos outros que se endividaram "acima das possibilidades" dos países que governavam?
Admitamos que sim.

Mas a história não é nova. Repete-se de tempos a tempos. A armadilha da dívida externa percorre, sempre percorreu o mundo, e continuará percorrer enquanto os
existir impunidade, parcial ou total, por parte de quem empresta sem medir os riscos.

A dívida externa, convém não fugir à realidade, não é apenas pública. É, em Portugal, também, e com mais extensão, privada. Quem importou essa dívida?
Repara nos milhares de milhões que a Caixa Geral de Depósitos, para citar o caso de um banco público, colocou em negócios ruinosos. Quem os colocou? Os delegados políticos na Caixa. E porquê? Todos sabemos porquê.
Por que razão compraram alguns bancos portugueses dívida grega? Porque pagava yields
elevados.E porquê? Eles não sabiam porquê?

Contra os políticos não podemos fazer nada se não votar noutros ...que irão fazer o mesmo, i.e., esbanjar desde que tenham dinheiro pela frente.

A única solução, repito-me, é impedir que entre o banco e o credor se interponha o Estado.

E se o credor for o Estado?
O endividamento do Estado deve ser publica e continuamente conhecido e não ultrapassar os limites autorizados por maioria qualificada da AR. Se em dado momento houver risco sistémico ele deve resolver-se através de aumentos pontuais de impostos. Só assim, em tempo oportuno, os cidadãos serão sensibilizados para as consequências dos actos errados dos governantes que elegeu.