Friday, July 17, 2015

O "LÍO" DOS SOBERANISTAS EUROPEUS

O El País de hoje noticia aqui que o rei de Espanha recebe hoje o presidente da Generalitat da Catalunha, que lhe leva a intenção de prosseguir um "caminho jurídico" para a independência após a obtenção, vd. como aqui, de uma maioria clara dos catalães nesse sentido. Esta entrevista realiza-se apenas três dias depois de o mandatário catalão ter acordado com o líder da ERC, Esquerda Republicana da Catalunha, um plano para a soberania e um dia depois do presidente do governo de Espanha ter assegurado sem titubear que "não vai haver independência na Catalunha".

O que pode fazer Filipe VI enredado neste "lío" a enrolar-se há três séculos? Presume-se que, quanto muito, poderia tentar, à semelhança da Raínha de Inglaterra, manter-se como mestre-mor de cerimónias de um futuro Reino Unido das Espanhas. Não podendo as forças reais ir mais além é previsível que o catalão-mor lhe peça apenas o que o monarca lhe pode dar: equidistância na contenda entre Barcelona e Madrid. Mas aceitará Filipe VI a oferta do mandatário com o republicano de esquerda na antecâmara e as outras regiões autonómicas a observar-lhe as tendências? Não é provável, apesar das aparentemente boas relações entre Mas e Filipe. A independência da Catalunha precipitaria a desagregação de Espanha e abalaria ainda mais a estabilidade de uma União Europeia em desequilíbrio.


A crise grega tornou mais evidente a fragilidade de uma construção europeia sobre alicerces instabilizados pela ânsia de soberanismos, existentes e pretendentes. 
Os soberanismos europeus, radicados em percursos históricos antigos e confrontos seculares, reflectem hoje, em regimes democráticos, sobretudo sentimentos chauvinistas, de convicta superioridade intelectual, ou egoístas, de domínio de recursos que a natureza lhes concedeu, ou simplesmente basófias por imaginários de independência de que dificilmente lhe descortinam os horizontes e os suportes.

A solidariedade que a Grécia (ou Portugal, ou a Itália, ou a Espanha ) espera da Finlândia numa união de povos europeus é a mesma que a Andaluzia ou a Galiza esperam da Catalunha. As fracturas que poderão estilhaçar a Espanha têm as mesmas origens que podem desmontar a União Europeia.



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