Friday, July 10, 2015

MERCENÁRIOS E RICALHAÇOS

O mercado de compra e venda de vedetas do futebol enche os noticiários destes dias de fim de época. A unidade de conta são os milhões, atingindo os contratos geralmente as dezenas de milhões. Valores astronómicos que não espantam minimamente aqueles que nem durante várias vidas de trabalho conseguiriam levar para casa aquilo que estes seus deuses embolsam com contratos de três ou quatro épocas ao seviço de quem melhor lhes paga. 

Por cá, o caso mais mediático é agora a transferência de um ex-glorioso guarda redes em fim de carreira de Madrid para o Porto, viajando a estrela decadente entre as duas capitais ibéricas em avião a jacto particular. Um pequeno percalço, soube-se esta manhã, parece estar a empecilhar a vinda da vedeta: os impostos.

Segundo o que aqui se relata o jogador em transacção não quer perder as vantagens fiscais concedidas aos futebolistas no seu país. Pelos honorários cobrados em Portugal terá de pagar cerca de 56,5%, em Espanha só paga 20%. A solução para a diferença está à vista: mantem o contrato com Madrid enquanto se exibe no Porto, pagando o Porto o valor contratado a Madrid, entregando Madrid 20% de IRS à Hacienda espanhola,  ficando as Finanças portuguesas a vê-lo voar de jacto. Sobram ainda as (aparentes) diferenças fiscais para os futebolistas entre um país e outro relativamente às contribuições para a segurança social e os impostos sobre os direitos de imagem. Tudo resumido, o contrato de cedência funcionaria se não fosse demasiado oneroso para o Porto ou para Madrid, consoante o valor fixado. Talvez fique solucionado a meio caminho, a contento das três partes e de milhares de fanáticos que de um lado lhe dirão adeus porque já lá não tem lugar e do outro o ovacionarão como se fosse filho da casa. 

Assim vai o reino da bola,  e nós, os que pagamos impostos sem subterfúgios, a vê-los passar em jactos particulares.

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