Os banqueiros são todos trampolineiros?
Nem todos. Temos sempre de admitir que não há regra sem excepção. Mas aquilo que vimos, ouvimos e lemos, não pode ser mais condenatório, mesmo com benevolente justiça, das criminosas moscambilhas com que os banqueiros, por toda a parte do mundo, têm assaltado, e continuam a assaltar, os bolsos tanto dos clientes que neles confiam como dos contribuintes que deles desconfiam.
Por cá, assistimos a actos de verdadeiro banditismo banqueiro, e, de relevante consequente, não se passa nada. Os processos que envolveram banqueiros do BCP prescreveram ou estão em vias disso. Os comparsas do BPP continuam por aí, intocáveis, à solta. Os do BPN, idem aspas. E já lá vão sete anos desde a erupção dos escândalos que forjaram e colocaram o país de pantanas. Entretanto, as últimas notícias dão-nos conta, vd. aqui, que os entretenimentos da senhora Procuradora Geral da República continuam voltados para a discussão com o Governo acerca da titularidade da pertença dos Mirós que encantavam o senhor Oliveira e Costa.
Ontem o senhor Marques Mendes, na sua habitual hora televisiva, indignava-se com o normalíssimo facto de ao fim de oito meses, não haver um único arguido no caso BES. Terá matéria para muitíssimos meses mais. A crise que apodrece as raízes deste país, velho e cansado, antes de ser financeira é económica e antes de ser económica é uma crise moral. É uma crise de falta de vergonha das elites e de pusilanimidade colectiva. Que, por sua vez, reflecte uma crise moral maior em progressão nas sociedades ocidentais com particular destaque para o sul católico da Europa.
Para além de mais algumas cenas escabrosas com que banqueiros espanhóis encenam um culebrón repugnante, e onde Rodrigo Rato, vice-presidente do governo de José Maria Aznar, depois director-geral do FMI, banqueiro nos intervalos, ocupa agora o centro da intriga, o El País de hoje inclui um extenso artigo - La maldición de los banqueros de Dios - que merece ser lido e meditado.
Começa assim,
"Es difícil llegar al cielo siendo banquero de Dios. Ese título, atribuido a quienes han dirigido el Instituto para las Obras de Religión (el IOR o banco del Vaticano) desde que Pío XII lo fundó en 1943, suele ser más bien una autopista en el sentido contrario. Ahí está el recuerdo de monseñor Paul Marcinkus, a quien Juan Pablo II protegió de la justicia italiana escondiéndolo en el Vaticano y cuyos dos principales aliados, el abogado de la mafia Michele Sindona y el banquero Roberto Calvi, fueron asesinados. Al primero le sirvieron un café con cianuro en la cárcel y al segundo lo colgaron de un puente de Londres. Tales antecedentes debieron de pesar en el ánimo de Ettore Gotti Tedeschi, el economista que Benedicto XVI situó en 2009 al frente del IOR para limpiar las finanzas vaticanas, hasta el punto de que, tras percatarse de lo que escondían algunas de las 24.000 cuentas opacas del banco, redactó un expediente con documentación sensible, se lo entregó a dos amigos íntimos y les dijo: “Si me asesinan, aquí está la razón de mi muerte”.
Pior, é impossível.
Pior, é impossível.
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Correl. - Da Opus Dei à Maçonaria: a incrível historia do BCP
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2 comments:
E se nos lembrarmos do que o presidente da comissão da UE fez durante muitos anos como 1º do LUX. só nos apetece chorar.
As excepções são pouquíssimas, caro A. Cristóvão.
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