Ontem foi dia de passagem de testemunho na presidência do município lisboeta.
O novo presidente prometeu na tomada de posse, cf. aqui, "fazer mais e fazer melhor (porque) é tempo de uma nova ambição". Solidário com o presidente cessante, concedeu que a administração municipal, onde geriu as contas, tinha durante os seus seis anos de governo arrumado a casa, e anunciou como prioridade do seu mandato "o lançamento de uma nova geração de políticas públicas na área da habitação social".
Em que consistem tais políticas, não sabemos.
O que sabemos é que, durante os últimos seis anos, Lisboa atraiu mais turistas mas as mazelas que a desfiguram, mesmo em algumas zonas centrais do tecido urbano, subsistem em grande medida, os prédios em ruínas e desabitados testemunham décadas de êxodo das populações para a periferia sem que nenhuma política, das muitas repetidamente anunciadas pelos que se candidataram e depois governaram a cidade, tenha invertido o fluxo demográfico negativo.
É pecha dos autarcas adornarem os seus mandatos com obra feita de cimento. Mas cimentar é fácil, basta haver dinheiro, crédito ou falta de vergonha para deixar dívidas às administrações seguintes. Lisboa, com a ajuda dos fundos recebidos pela cessão dos direitos aos terrenos do aeroporto, terá agora a sua casa municipal menos desarrumada. A criação de condições para que Lisboa seja atractiva para novos residentes não passa, no entanto, bem pelo contrário, por aumentar a oferta de habitação social com investimento público. Espera-se que este presidente não reincida numa política de investimentos públicos improdutivos replicando os erros cometidos pelo governo nacional de que fez parte.
E que o presidente cessante, se for o próximo primeiro-ministro, não caia, por seu lado, na tentação de erro semelhante.
No comments:
Post a Comment