Friday, February 05, 2010

O MATA-MOSCAS

"... (Quanto) ao PR, que mais poderia ter feito, para além daquilo que tem feito, desde o discurso de Ano Novo, a chamar a atenção para os problemas fundamentais, até à promoção de entendimentos que assegurem a governabilidade do País? Não se esqueça de que as revisões constitucionais deixaram o arsenal presidencial limitado a um mata-moscas e uma bomba atómica."
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Caro VB.,
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Com todo o respeito, permita-me que discorde.
Vivemos tempos difíceis a exigir soluções complicadas como o VB, honra lhe seja, mais do que qualquer outro, não se tem cansado de explicar muito claramente.
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A resposta à equação em que nos embrulhámos tem de ser política. Escrevo isto, sabendo que escrevo uma redundância, por deduzir que nada se alterará de forma conveniente sem uma acção política adequada.
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No actual quadro parlamentar, aparentemente, isto é, para o homem da rua que eu sou, não há condições políticas para adoptar as medidas que as circunstâncias impõem. A Assembleia da República, entretida com quezílias partidárias, lembra o Congresso de Viena: le Congrès ne marche pas; il danse.
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O País precisa de um governo maioritário pluripartidário capaz de mostrar ao mundo que tem juízo e pagará o que deve. Eleições antecipadas não só não alterariam as condições em que assentam este requisito como espantariam ainda mais os credores e investidores.
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Quem é que pode forçar a formação de um novo governo ou a remodelação deste com a entrada de novos parceiros? Só vejo o PR. Alguém vê mais alguém? O FMI? A UE? Durão Barroso, porreira pá?
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O PR, do meu ponto de vista, pode e deve antecipar-se a promover aquilo que, se o não fizer, outros ou as circunstâncias farão por ele.
Para além do apanha-moscas e da bomba atómica, o PR, se não conseguir convencer o PM e as oposições em privado, pode e deve dirigir-se à AR e colocar a questão em pratos limpos: Meus amigos, a situação é esta, o País não suporta mais um desencontro de objectivos e de meios para atacar os problemas com que se defronta. Eleições antecipadas estão restringidas pelo calendário eleitoral e só abalariam ainda mais a posição do País no contexto internacional. Têm um mês para se entender. Se no fim desse período o imprescindível não for atingido, entenderei que a vossa opinião é diferente da minha e me compelem a dissolver a AR no curto intervalo em que essa dissolução é possível.
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Há, evidentemente, pelo menos um reparo a este raciocínio do homem comum: O PR declarou, ainda há pouco tempo que este Governo tinha condições para governar. Passou a não ter de um dia para o outro?
Não sei, mas sei que não tem.

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