Friday, February 05, 2010

OBRIGAÇÕES E OBRIGAÇÕES

A criação de um fundo obrigacionista europeu tem um pequeno óbice: O de, provavelmente, não honrarem os seus compromissos alguns dos utilizadores da emissão. Porque uma obrigação, como o nome indica, obriga. Neste caso, a pagar um empréstimo na data do seu vencimento, e em nada se distingue, quanto a este aspecto, de um outro qualquer contrato de empréstimo financeiro. É certo que retiraria do mercado grande parte do espectro da especulação que a divisão consente e reduziria o prémio de risco da emissão por parte dos países mais fragilizados.
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Mas os alemães, os holandeses, etc., que cumprem, não me parece que possam ser convencidos a pagar o que gregos e etc. não pagarem. E aí está o elementar busílis da questão: desde que não haja equilíbrio financeiro, desde que a economia não produza o suficiente para honrar os empréstimos contraídos, mais cedo ou mais tarde alguém é apanhado desprevenido, e passa a ser visto de forma desconfiada. E estaremos de volta ao mesmo: a falta de credibilidade de alguns membros de um grupo compromete-os a eles e ao grupo.
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Coloca-se, portanto, a necessidade da exigência de comportamentos sérios, a serem respeitados por todos os membros utilizadores da emissão. Ora a Grécia tem sido pouco respeitadora das regras do conjunto. Portugal apanha por tabela. Mas quando a situação impõe que se dê ao mundo uma imagem de consensualidade à volta dos grandes objectivos do País e dos caminhos para os atingir o que acontece é precisamente o contrário: uma guerrilha sem tréguas entre os partidos.
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Como se a democracia fosse, necessariamente, a resultante de um confronto permanente e não houvesse alturas em que alguém deve tocar a reunir para enfrentar a ameaça comum.

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