Monday, February 08, 2010

ACTOS, PRECISAM-SE

Num país onde o debate político, e nomeadamente de política económica, raramente consegue desprender-se de convicções ideológicas inabaláveis, Vítor Bento tem o grande mérito de expor, de modo tranquilo e transparente, o que pensa acerca dos problemas mais agudos que apoquentam a economia portuguesa, e consequentemente a sua situação financeira, das suas causas e das provações porque não conseguiremos deixar de continuar a passar.
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Porque nesta entrevista diz, no que nela é mais fundamental, o que desde há muito tempo vem dizendo, poderá dizer-se que não diz nada de novo. Mas é essa persistência, também notável, que tem vindo paulatinamente a convencer os mais cépticos, os menos avisados e os mais amarrados a compromissos partidários.
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Leio a entrevista ao presidente da Associação de Bancos Portugueses onde, além do mais, afirma que os bancos deverão aumentar os seus "spreads" já em Fevereiro uma vez que estão a pagar mais pelos depósitos. Creio que o presidente da APB, ao afirmar isto, exorbita das suas competências porque não lhe cabe a ele definir a política de pricing dos associados, e, fazendo-o, está claramente a confirmar o que é conhecido há muito mas ninguém procede como deve: penalizar convenientemente a actuação cartelizada da banca. Porque o que o presidente da APB está a dizer é isto: Vamos todos aumentar os preços porque a concorrência não faz bem a ninguém. E que não se esqueça a CGD de fazer parte do rebanho.
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Se as leis da concorrência fossem um assunto sério em Portugal, António de Sousa deveria ser compulsivamente demitido na sequência desta sua intervenção pública.
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Há muita coisa a mudar em Portugal.
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Vítor Bento: "Para acalmar os mercados são precisos factos, não discursos"
Numa altura em que os mercados internacionais mostram cada vez menos confiança nas obrigações do Estado português, Vítor Bento, actual presidente da SIBS, explica o que é preciso fazer.

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