Tuesday, February 09, 2010

OS SALÁRIOS DA CRISE

O Jornal de Negócios publicava ontem um artigo - Peso dos salários no PIB atingiu o valor mais alto dos últimos 26 anos - onde, além do mais, destacava que:
- o peso dos salários no PIB português atingiu os 51,7% no final do terceiro trimestre do ano passado, o maior valor desde 1983, o último ano em que o FMI foi chamado a socorrer a economia;
- a quebra de actividade observada no ano passado (3%) determinou uma perda proporcionalmente inferior do emprego (2,2%), permitiu ainda assim que as actualizações reais dos salários em cerca de 3%, tenha reforçado aquele rácio, aparentemente favorável aos trabalhadores em ano de crise. Aparentemente, porque criou condições favoráveis ao crescimento do desemprego este ano.
- se forem correctos estes valores do INE (fonte referida pelo autor do artigo, Pedro Romano), Portugal apresenta um rácio de peso dos salários no PIB superior ao da média europeia, e à frente de países como a Itália, Espanha, Irlanda e Alemanha. Em consequência, os custos unitários do trabalho subiram também acima do valor médio observado na UE.
- Portugal e a Grécia apresentam as piores perspectivas de crescimento da produtividade.
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Entrevistado pelo JN, Silva Lopes, concorda que o peso dos salários no PIB agudiza, inevitavelmente, os problemas de competitividade do país e que é legítimo associar esta evolução dos custos unitários à escalada do desemprego em anos recentes; não pensa que seja possível, atendendo a este quadro, levar a sério a proposta de Olivier Blanchard (economista-chefe do FMI) de, à semelhança do que tem sido feito em alguns países, cortar os salários nominais, a menos que acontecesse uma tragédia, que, não estando ao virar da esquina, pode acontecer.
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continua

3 comments:

António said...

Ora aí está.
O sr. Silva lopes e o sr. dr. professor. governador Victor constâncio, mais a cambada toda de boys e restantes inúteis que por aí pululam deveriam dar o exemplo e reduzir os salários e as mordomias que os duplicam, em 70% que ainda ficavam a ganhar muito.Mas mesmo muito.
Isso é que era. Ou então, antes de os mandar desta para melhor, perguntar-lhes se estavam dispostos a fazer um sacrifíciozinho em prol do bem geral.
Ao encomendarem-se a Deus, mesmo sendo ateus e agnósticos e tudo, diriam logo que sim.
Pode acontecer um milagre destes.

rui fonseca said...

Calma António!

Silva Lopes é um homem honrado e já admitiu que ele próprio seria atingido se fossem adoptadas medidas que ele recomenda.

Vitor Constância também já se disponibilizou ver o seu ordenado reduzido mas o Ministro das Finanças não aceitou.

Do que estamos a falar é de efeitos morais. Os efeitos reais seriam ínfimos. Por melhor que ganhem, as reduções dos seus vencimentos não teriam efeitos materialmente significativos.

Já o mesmo não pode dizer-se se houvesse uma redução geral acima de um determinado montante. E, evidentemente, quanto mais baixo o montante a partir do quel se estabelecesse a redução maior a redução global.

E, nesse caso, até o António seria atingido. Que lhe parece?

António said...

Eu?
Se isso me tocasse tinha de ir para a estrada roubar. Vestia uma farda de polícia e mandava parar e pagar na hora.Multas por tudo e por nada.
O que eu quero dizer é que estes cavalheiros estão tão, mas tão acima do normal, em inteligência, capacidade, desempenho, competência, inocência e tudo o mais que os distingue de mim e de outros como eu, meros sapos no lodaçal que eles ao longo dos anos têm criado, que é justo que não sejam beliscados em nada. Caso aconteça a necessidade de cortes, façam-no a nós, penalizem-nos mais ainda que temos estofo para tudo.
Penalizar-nos a nós, cá em baixo resulta sempre. Penalizá-los a eles todos, que estão muito lá em cima não resolve nada. Nunca se tentou, nem vai tentar.
Caro Rui, nem sei que lhe diga.
Isto está uma vergonha e não fui eu nem os como eu que a fizemos.
Só uma ninharia de eleitores se dá ao trabalho de ir votar. Desses, a maior parte, vive da teta. Ou da de baixo ou da cima.
Não digo mais nada, que me faz mal tratar disto.
Termino.