VENDAM A CAIXA!

Para cumprir o objectivo do défice assumido com a troica, o Governo vai, segundo consta, absorver o fundo de pensões do Banco de Portugal e, possivelmente, os dos bancos privados. Acho bem. Não há nada que justifique que alguns estejam fora do sistema geral de segurança social se este, conforme estipulado na Constituição, e enquanto estiver, se diz universal. Ou existe solidariedade e todos comparticipam ou continuará a haver, também neste aspecto, cidadãos de primeira, segunda e terceira classe. Dessas transferências só resultarão posteriormente prejuízos para o Estado se forem feitas sem acautelarem convenientemente o fundeamento suficiente dos compromissos assumidos com elas.

E depois das transferências destes fundos e das privatizações previstas, que resta para maquilhar as contas no futuro? A Caixa! Vendam a Caixa, senhores!

Para que precisamos da Caixa se a Caixa não se distingue de outro banco privado qualquer? Ou, se distinção existe, é negativa.

Onde colocou a Caixa as poupanças de milhões de  portugueses que, atavicamente ou por inércia, se colaram à Caixa? Que suporte tem a Caixa dado ao financiamento de projectos de desenvolvimento económico reprodutivo em Portugal? Sabe-se que a Caixa emprestou a Berardo e a uns quantos mais fundos para tomarem de assalto o BCP. Sabe-se que a Caixa foi usada para agravar, do ponto de vista do interesse público,  a situação criminosamente gerada no BPN. Sabe-se que a Caixa emprestou ao Estado por ordens do Governo para financiar o que não merecia ser financiado. É para isso que queremos a Caixa?

A Caixa ou se dedica ao imprescindível co-financiamento de projectos viáveis, em investimentos da economia real, da economia produtiva, da produção e exportação de bens e serviços, destacando-se da banca em geral, geralmente banca de casino, ou deve ser vendida.

Tal como é hoje não serve os interesses dos portugueses mas apenas o interesse de meia dúzia deles.