Saturday, October 15, 2011

QUEM NÃO DEVE

As medidas anunciadas pelo governo para concretizar os objectivos assumidos perante a troica são demasiado penalizadoras para as razões que as impuseram não serem totalmente esclarecidas, quantificadas e conhecidas os responsáveis. Se por detrás dos desafios colocados pelos actuais dirigentes socialistas existe um genuino desconhecimento dessas razões é porque, das duas uma, ou os seus camaradas do governo anterior ignoravam as reais dimensões dos buracos que eles próprios cavaram ou consentiram que fossem cavados, e, por essa  ignorância, sonegaram informações à troica e aos portugueses, ou o governo anterior deliberadamente ocultou dívidas, à imagem e semelhança de AJJardim. 

Este governo não pode, em qualquer caso, deixar de fazer aquilo que Passos Coelho prometeu anteontem na AR: averiguar quem nos colocou nesta situação dramática e, mais que dramática, vergonhosa. Mas tem de o fazer sem demoras que possam induzir nos cidadãos a suspeita de que nesta execução confiscatória desenfreada nada mudou, salvo o carrasco, e, inapelavelmente, seja também este governo considerado suspeito e conivente.

Quanto mais tardar a resposta clara e transparente às reclamações dos socialistas mais se avolumará essa suspeita e mais se transferirão do anterior governo para o actual as responsabilidades por esta crise sem paralelo na história da jovem democracia portuguesa no sentir colectivo dos portugueses.

Porque se assim não for, que teme este Governo?
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Ouço na rádio que Passos Coelho terá argumentado que os empregados na função pública têm salários médios superios aos do sector privado como justificação para reduzir o pagamento de salários anuais a 12 meses nos próximos dois anos (que dificilmente serão apenas dois). Mesmo que seja verdadeiro, o argumento é, só por si, inaceitável tendo em conta as razões que imediatamente levaram a esse corte uma vez que ele não estava contemplado no compromisso assumido com a troica.

Por outro lado, como é que PC justifica igual medida aplicada aos pensionistas do regime geral de previdência social (sector privado), não incluindo os regimes especiais (dos bancários, p.e., salvo os antigos empregado do Totta abrangidos pela Caixa de Previdência do ex-Grupo CUF, que veio a ser integrada no regime geral), quando essas pensões foram calculadas numa base anual discricionariamente dividida em 14 prestações a que, abusiva e anedoticamente, passaram a chamar subsídio de férias ( a reformados????) e de Natal.

2 comments:

Anonymous said...

E a execução orçamental deste ano não está a falhar por diminuição (já esperada ) da colecta? São mais mil milhões a somar ao todo. A factura é sempre para os mesmos mas ainda ontem o Victor Bento referia que existe outras soluções uma delas passando pelo dinheiro empatado nos institutos e parcerias publico-privadas mas isso seria mexer com interesses instalados e seria necessário coragem politica. Já sabemos que os nossos dirigentes mal sabem de politica quanto mais exigir-lhes coragem!!!

rui fonseca said...

"E a execução orçamental deste ano não está a falhar por diminuição (já esperada ) da colecta?"

Provavelmente, em parte, pelo menos. Mas sabe-se muito pouco das razões desta decisão. Supõe-se que o tal défice colossal seja também o fruto amargo da nacionalização/privatização do BPN (mas os responsáveis não são encontrados nem os roubos reembolsados) e da escandalosa e criminosa ocultação de despesas na Madeira (só na Madeira?).

P Coelho deve uma explicação claríssima ao País sob pena passar a ser alvo exclusivo de todos os sentimentos de revolta que estas e outras medidas vão gerar.

Penso que cometeu um enormíssimo erro ao querer governar, nas condições em que o país se encontra, sem a participação do PS.

Está a cair em contradições flagrantes (ver vídeo que acabo de colocar)e não vai poder resistir aos efeitos altamente corrosivos
destas críticas se não for capaz de explicar bem o que se passou e o que se está a passar.