Sunday, May 15, 2011

LEVAR PELA TABELA GROSSA

Para quem não saiba, as taxas de  juros que Portugal terá de pagar pelos empréstimos a contrair no âmbito da ajuda externa são calculados segundo tabelas utilizadas pelos credores: FMI, BCE e UE. É o que nos dizem aqui e aqui, citados aqui.

Aqui, no entanto, o professor vai mais longe e entendeu verberar o desconhecimento das tabelas por parte de Eduardo Catroga, António Nogueira Leite e Cantiga Esteves.

Acontece que Ricardo Reis, que domina as tabelas com extrema competência, ainda que considere a matéria um assunto tosco (very nerdy), parece, também ele, ter-se esquecido de qualquer coisa, que, para o caso, é complicado e perigoso: a possibilidade de Portugal poder pagar os juros que a troica impõe, segundo as tabelas, sem discussão nem complacência.

E é neste esquecimento do professor que se sustenta os remoques que gostou de enviar aqueles que disseram o indiscutível: as taxas de juros aplicadas são excessivas porque são insuportáveis com os níveis de crescimento económico esperado, e a invocação das tabelas não tuge nem muge a carga insuportável que o acordo impõe e Portugal vai subscrever em situação de necessidade extrema. 

Ricardo Reis não deve ter ouvido, mas devia ouvir o recente discurso de Cohen-Bendit, esse mesmo, o rapaz rebelde que incendiou Maio de 68,  no Parlamento Europeu, que coloquei como  apontamento anterior a este: Vous êtes fou!
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Ricardo Reis sabe bem que uma coisa são as tabelas e outra o que fazem delas. Qualquer devedor, obrigado a compromissos insuportáveis, sem capacidade negocial, sujeita-se às tabelas mas as tabelas não saldam dívidas. 

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Act - Sobre a taxa de juro do empréstimo do pacote de ajuda, Francesco Franco (italiano, professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa) é muito crítico: "A UE tem de justificar porque é que empresta dinheiro a 5,5% quando pede emprestado a 3,5% ou 4%. Punição? Se assim for, muito bem, mas explique. De outra maneira está a dizer que não acredita no plano, que há probabilidade de default."  (Expresso/Economia)

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