Saturday, May 28, 2011

ACERCA DA RODA

O reinventar da roda (aqui )

 Ricardo Cabral, num apontamento editado em The Portuguese Economy, critica o MoU ( Memorandum of Understanding on Specific Economic Policy Conditionality - vulgo Programa da Troica).

O texto é relativamente longo, aparentemente convincente em alguns pontos, mas o MoU não é excepção à regra: Há uma tarefa a fazer mas ninguém faz porque fazê-la implica atropelar os interesses opostos. Chama-se um consultor e todos dizem que o que o consultor diz já eles tinham dito há muito. Quando se avança para a implementação cada qual rezingará contra aquilo que subscreveu mas que contraria as suas posições anteriores à chegada do consultor.

Um exemplo (transcrito do original, em inglês), logo no início do artigo:

Therefore, one wonders why the troika imposed measures that make house buying more expensive at this stage of the cycle where numerous families are being forced to sell their homes either to avoid foreclosure or due to foreclosure on their mortgages." 

Ora o trio não impõe medidas que tornam mais difícil, só por si, a compra de casa própria. O que acontece, e RC  não desconhece, é que foi o dinheiro barato desbaratado em investimentos sem retorno que levou à situação económica e financeira em que, globalmente, nos encontramos. E é a debilidade económica, a incapacidade para gerar rendimentos que permitam pagar os compromissos assumidos, que está a colocar em dificuldade muitas famílias. Portugal tem uma relação de casa própria/família que é das mais elevadas da UE e um número de habitações que excede largamente o número de famílias. Precisamos de continuar a construir novas habitações nos tempos mais próximos? Seguramente, não.

O que é inevitável é que os bancos credores ( e, neste ponto RC tem toda a razão), que são muito culpados do nível de endividamento a que forçaram as famílias, façam reescalonamento das dívidas e contenham os spreads.
A bem da solvabilidade  das famílias e dos bancos.    

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