Sempre que o ouço, no seu programa de domingo, ao começo da noite, vejo nas suas dissertações sumárias um exemplar acabado do aforismo implacável: "quem sabe fazer faz, quem não sabe, ensina."
A propósito dos frente-e-frente televisivos, Marcelo entendeu, aliás, como é seu impenitente costume, dar publicamente instruções a Passos Coelho, o ainda líder do PSD, o ainda partido de Marcelo, para o próximo confronto de Passos Coelho com Sócrates.
Não disse nada que muita gente, que tenha minimamente seguido as peripécias desta campanha eleitoral parida de afogadilho, não pense e discuta entre amigos. Passos Coelho não tem sabido fazer uma coisa que, à primeira vista, seria simples: evitar dar a Sócrates oportunidades para ele virar o bico ao prego e desarmadilhar-lhe as falácias. O que se tem vindo a observar, no entanto, tem sido exactamente o contrário, colocando-se Passos Coelho à defesa dos ataques de Sócrates acerca de irrelevâncias (a que Catroga chamou outra coisa) e, deste modo, desfocando nos media a gravidade em que o país foi colocado e os maiores responsáveis pelo desastre.
Marcelo poderia ter concorrido à liderança do PSD, poderia ser hoje o candidato do seu partido para governar o país numa fase em que se requer muita competência, honestidade de processos e firmeza nas decisões. Mas não quis confrontar-se com Passos Coelho. Porquê? Na altura, percebeu-se que não lhe agradavam as directas (mais um erro estratégico do PSD) e que só aceitaria ser líder se fosse entronizado sem se submeter aos votos dos sócios. Preferiu continuar como comentador e debitar conselhos para o campo a partir da bancada. É melhor remunerado, tem mais palco e menos chatices. Mas é ridículo.
É ridículo porque, para quem não o ouça com a devoção relogiosa com que os mentecaptos assimilam as prédicas dos gurus, os seus patéticos conselhos em público evidenciam de forma gritante a evidência não original de que ele sabe de tudo mas não sabe mais nada.
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