Saturday, May 21, 2011

UMA QUESTÃO DE PORTAS

Em que medida o frente-a-frente de ontem, onde Passos Coelho esteve bem acima das suas prestações anteriores, e Sócrates se apresentou muito menos confiante do que lhe é habitual, pode ter contribuido para uma arrancada do PSD e a vitória em 5 de Junho, só se poderá saber depois de conhecidos os resultados das eleições. Sócrates tem vários fôlegos ainda que seja perceptível que ele próprio acabará por cansar-se e cansar quem o ouve com a repetição ad nauseam dos mesmos argumentos pré-fabricados. De qualquer modo, ontem à noite, Sócrates perdeu terreno mas não desistirá de o recuperar e alargar.

Contudo, é Portas quem mais poderá contribuir para a vitória de Sócrates se o PSD não conseguir descolar-se e alargar a margem que o separa do PS fugindo à zona do empate técnico onde o resultado se discute como uma final a pénalties. Portas tem vindo a crescer nas sondagens e pode chegar, ou mesmo ultrapassar os 15%. O crescimento do CDS é, naturalmente, feito à custa da estagnação do PSD na mesma medida que o BE paga o crescimento do PS. Enquanto os indecisos à esquerda tenderão a votar utilmente no PS, os indecisos à direita estão (ou têm estado até agora) a decidir-se pelo CDS.

Quando os socialistas se voltam para a esquerda e lhes recordam que os votos no PCP e BE podem dar a vitória à direita, o mesmo raciocínio se aplica à direita: Quanto mais sobe o CDS mais se reduzem as hipóteses do PSD ganhar as eleições. 

Donde: Com Portas a subir, quem poderá ganhar com essa subida é Sócrates.
Passos Coelho tem vindo a optar pelo caminho mais complicado. Tivesse PC feito uma coligação pré-eleitoral com o CDS e o resultado muito provável destas eleições teria sido conhecido há muito.
Um duplo erro de cálculo: primeiro, porque lhe poderá custar a vitória, segundo, porque, mesmo que vença as eleições, não poderá dispensar uma coligação pós-eleitoral com o CDS. 
Nem com o PS. Mas desta, ele, se for eleito, só se aperceberá mais tarde, quando a execução dos compromissos assumidos no âmbito da ajuda externa levarem a desinquietação dos portugueses ao rubro.

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