Qualquer que seja o resultado das eleições de 5 de Junho, uma conclusão pode desde já antecipar-se: A execução do memorando para a ajuda externa subscrito pelos três principais partidos coloca exigências que nenhum partido isoladamente, seja ele qual for, mesmo que disponha de maioria absoluta na AR - uma hipótese altamente improvável - conseguirá suportar. Na Grécia, onde o líder da oposição rejeitou anteontem a adopção de novas medidas de austeridade, o desbloqueamento próxima remessa de fundos da ajuda externa está comprometido (aqui).
No mesmo dia, o ministro das Finanças George Papaconstantinou ripostou que caso o país não receba a quinta tranche de ajuda externa, no valor de 12 mil milhões de euros, até 26 de Junho, declarará bancarrota. "A verdade é muito difícil e se não recebermos o dinheiro até 26 de Junho, seremos obrigados a fechar a loja e a declarar a impossibilidade de pagar as nossas obrigações (aqui)
No mesmo dia, o ministro das Finanças George Papaconstantinou ripostou que caso o país não receba a quinta tranche de ajuda externa, no valor de 12 mil milhões de euros, até 26 de Junho, declarará bancarrota. "A verdade é muito difícil e se não recebermos o dinheiro até 26 de Junho, seremos obrigados a fechar a loja e a declarar a impossibilidade de pagar as nossas obrigações (aqui)
Hoje, o presidente do Eurogrupo advertiu para a possibilidade de o FMI não ter condições para transferir a fatia do empréstimo que deveria chegar a Atenas já no próximo mês. (aqui )
Tem vindo a repetir-se, desde o rebentar da crise, que a situação portuguesa não é idêntica à situação grega. Pois não será. Mas o que é já por demais evidente é que, se não aprendermos com a evolução da situação grega, corremos o risco de continuar a trillhar os mesmos caminhos com uma décalage de alguns meses.
No dia 6 de Junho poderá instalar-se uma confusão política em Portugal em que nos veremos gregos de um momento para o outro. Se não for possível constituir um novo governo em curtíssimo espaço de tempo - uma exigência contrária ao que é habitual em Portugal -, o programa de ajuda (o nome não agrada a muita gente mas mudando-lhe o nome não se lhe mudam as cláusulas) ficará comprometido à nascença e a bancarrota poderá ser uma realidade a que nenhum dos partidos responsáveis pode escusar-se de culpas no cartório.
O braço de ferro ensaiado pelo ministro das Finanças gregas pode não resultar e a Grécia ficará entregue a si própria na arena com os credores. A Portugal pode acontecer o mesmo. Sendo pequenos, não são too big to fail, segundo o cínico princípio que rege o sistema financeiro. Muitos dirão que, para salvar a União Europeia, a Gréckia, Portugal, a Irlanda, acabarão sempre por ser resgatados. Talvez sim. Mas talvez não.
É neste contexto que o Presidente da República, tem, irrecusavelmente, que actuar. Portugal precisa no espaço da próxima legislatura de um governo maioritário pluripartidário que não pode deixar de fora nem o PSD, nem o CDS nem o PS. Se a caturrice de alguns continuar, e não saltarem suplentes das bancadas, o PR tem a obrigação patriótica de promover a formação de um governo que congregue o maior apoio parlamentar possível. É para tomar a liderança em situações destas que o sistema é semi presidencialista e o Presidente da República é eleito por sufrágio universal.
A democracia não é, não pode ser, um espectáculo de wrestling, feito de golpes ensaiados e mil vezes repetidos, para excitação dos pacóvios.
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* O apontamento XEQUE AO REI - 20, está aqui. Dele se remete para os outros 19 apontamentos com o mesmo título.
No dia 6 de Junho poderá instalar-se uma confusão política em Portugal em que nos veremos gregos de um momento para o outro. Se não for possível constituir um novo governo em curtíssimo espaço de tempo - uma exigência contrária ao que é habitual em Portugal -, o programa de ajuda (o nome não agrada a muita gente mas mudando-lhe o nome não se lhe mudam as cláusulas) ficará comprometido à nascença e a bancarrota poderá ser uma realidade a que nenhum dos partidos responsáveis pode escusar-se de culpas no cartório.
O braço de ferro ensaiado pelo ministro das Finanças gregas pode não resultar e a Grécia ficará entregue a si própria na arena com os credores. A Portugal pode acontecer o mesmo. Sendo pequenos, não são too big to fail, segundo o cínico princípio que rege o sistema financeiro. Muitos dirão que, para salvar a União Europeia, a Gréckia, Portugal, a Irlanda, acabarão sempre por ser resgatados. Talvez sim. Mas talvez não.
É neste contexto que o Presidente da República, tem, irrecusavelmente, que actuar. Portugal precisa no espaço da próxima legislatura de um governo maioritário pluripartidário que não pode deixar de fora nem o PSD, nem o CDS nem o PS. Se a caturrice de alguns continuar, e não saltarem suplentes das bancadas, o PR tem a obrigação patriótica de promover a formação de um governo que congregue o maior apoio parlamentar possível. É para tomar a liderança em situações destas que o sistema é semi presidencialista e o Presidente da República é eleito por sufrágio universal.
A democracia não é, não pode ser, um espectáculo de wrestling, feito de golpes ensaiados e mil vezes repetidos, para excitação dos pacóvios.
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* O apontamento XEQUE AO REI - 20, está aqui. Dele se remete para os outros 19 apontamentos com o mesmo título.
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