Wednesday, May 18, 2011

A VER PORTUGAL POR UM CANUDO

OU O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS CANUDOS*

Passos Coelho continua apostado em perder as eleições. Estou cada vez mais convencido que a estratégia dele é essa. De outro modo como explicar que continue a mandar bolas para fora do campo? Também é importante a discussão das NO. Certamente que é. Mas levantar agora uma questão que não é crítica para a solução dos problemas mais ingentes do país só poderia lembrar a Passos Coelho. Sócrates, claro, já lhe agradeceu.

Os benefícios e os malefícios das NO dependem do ponto de vista do observador, do oportunista e do oportuno. Para uns, para Soares dos Santos, por exemplo, que já disse repetidamente que não gosta de Sócrates, as NO foram e são uma boa medida para aumentar os conhecimentos médios dos portugueses. Para outros são uma mistificação. Para mim, as NO têm aspectos positivos mas podem ter dado oportunidades a alguns embustes.

No fim, no entanto, o que está em causa é o papel, o certificado, o diploma, o canudo. Em Portugal ainda continuamos a ver a competência, o conhecimento, a capacidade por um canudo. O que, evidentemente, determina sempre uma visão estreita da realidade. Sempre que vejo abordada questão da educação em Portugal vejo resvalar a discussão para o canudo. Aliás, é sintomática desta crença no canudo a ânsia com que se ambiciona consegui-lo e o generalizado desinteresse pelo conhecimento que ele representa. Dito de outro modo, o importante para o estudante e a família é o diploma mesmo que o diplomado seja um asno. Se as NO facilmente lhe entregam um, o felizardo agradece e vota em Sócrates, o milagreiro da multiplicação de diplomas.

E porquê? Porque a falta de exigência que marca de forma muito evidente a sociedade em que vivemos privilegia a forma e subalterniza o conteúdo.

Veja-se o que acontece quando o estado recruta os seus funcionários. Submete os candidatos a provas de avaliação dos conhecimentos tidos por fundamentais para o desempenho das funções a que se candidatam?
Não. Perguntam-lhes apenas se têm o canudo.
A começar pelo recrutamento de professores.

Avaliam as universidades os conhecimentos e as capacidades dos candidatos? Não. As vagas são preenchidas em conformidade com regras que recorrem aos certificados. Aliás, as universidades, porque recebem as comparticipações do OE em função do número de alunos que admitem e não das competências que formam, quantos mais entrarem maior é a dotação orçamental com que são contempladas.

E os privados? São exigentes ou displicentes na avaliação das competências dos candidatos. Haverá de tudo mas a generalidade não avalia se um candidato a um posto que requer conhecimentos de aritmética sabe fazer contas de somar sem recorrer aos dedos ou a uma calculadora.

Em resumo: Enquanto não houver uma cultura de exigência por parte dos empregadores, enquanto o compadrio for mais importante que a matemática, enquanto os títulos não forem um anedota do passado, continuaremos, também quanto a este assunto, a discutir pêlos púbicos.
----
Adapt com colocado aqui

Por ter ocorrido uma avaria no blogger no dia 12 de Maio, a correcção das etiquetas dos posts desse dia e posteriores (quatro) implicou que fossem agora editados deslocados. A sequência correcta salta estes quatro para os imediatamente a seguir, a começar por "OUTRA BOLA FORA", de ontem.

No comments: