Tuesday, November 06, 2007

IN NOMINE DEI

Quando ouço falar de questões religiosas o meu entendimento transporta instintivamente o fio do discurso para as razões primordiais dos argumentos utilizados e concluo, quase sempre, que a religião caiu na discussão como a mosca no prato da sopa: foi para petiscar e ficaram-lhe presas as asas no caldo.
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São poucos os que, ao longo dos milénios, não sujaram as mãos e conspurcaram as consciências quando se bateram em nome de Deus. E nenhum daqueles que brandiram armas para O glorificar e impor.
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Para os que acreditam que só há um Deus, a guerra entre eles (e a maior parte das guerras ditas religiosas foram travadas entre eles) tem de ter, forçosamente, motivações não estritamente religiosas.
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A beatificação recente de alguns milhares de religiosos espanhóis durante a brutalidade geralmente conhecida por Guerra Civil de Espanha não pode desligar-se do papel empenhado de intervenção política desempenhado pela Igreja Católica em Espanha ao longo dos séculos.
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Lamentavelmente, entramos no sec XXI com um recrudescimento do embate religioso que não é senão um crescendo de confrontos pelo poder mobilizados pelo arvorar das bandeiras do irracionalismo.
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O Papa fará as beatificações que entender mas, entendamo-nos, o seu acto não pode ser percebido como uma acção de apaziguamento da sociedade espanhola. A prova disso é que reabriu feridas saradas.
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Para glória do Senhor?
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Qual deles?
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