Wednesday, November 14, 2007

A (FALTA DE) CULTURA

Caro Adolfo
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O tema é demasiadamente complexo para caber em meia dúzia de linhas. De tudo o que v. escreve no seu post e que o tema me sugere comento apenas a sua afirmação: "E assim se faz a cultura no nosso país. Higienicamente monopolizada pelo Estado."
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Salvo melhor opinião, há exagero na sua afirmação. Na Gulbenkian, por exemplo,não me consta que nos possamos queixar de interferência do Estado. E em Serralves também não; só para referir os dois casos mais significativos. Na Colecção Berardo quem manda é ele & Cª.É um facto que o nosso Ministério da Cultura é um mistériozinho... Mas temos outros mistérios.E, sobretudo, estamos tesos mas não queremos reconhecer isso.
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E depois temos museus a mais, não concorda? Temos mais gimnodesportivos que a Suíça e museus também. E não me diga que os suíços só são bons na cultura de fondue de queijo. Já agora, diga-se de passagem, que é muito maior a densidade de ATM em Lisboa que em Zurique.
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Porquê? Questão cultural. É chavão, mas é verdade.
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A cultura, caro Adolfo, tem muito que se lhe diga, como bem sabe. E muitas vezes quando famos de cultura do que estamos a falar é da falta dela. Anda por aí muita gente a queixar-se do escândalo da falta de meios para os museus que nunca pôs os pés em algum. E também muita gente a carpir queixas mas não tira do bolso o quer que se veja para patrocinar a cultura. O Millennium, por exemplo, paga cerca de 16% dos custos de São Carlos mas tem direito a publicidade de patrocinador exclusivo e bilhetes para amigos a preço de público que não cobre senão outros 16% dos custos dos espectáculos. Donde 68% são pagos pelos que não vão lá.
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Já tinha dado por isso?

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