Tuesday, March 18, 2014

O CONTRAMANIFESTO

"É inoportuno", é acusação mais frequente feita ao Manifesto.

Todos os manifestos são oportunos para os manifestantes, se não não se teriam manifestado no momento em que se manifestaram, e são inoportunos para os que discordam do conteúdo do manifesto ou do momento da manifestação. É um questão de pontos de vista, ambos óbvios. O que é menos óbvio é a acusação muito generalizada dos contramanifestantes de serem menos patriotas os manifestantes. 

Quanto à questão central do manifesto - ser ou não ser a dívida pública dominável sem reestruturação, por alongamento dos prazos e redução do custo da dívida para níveis suportáveis - os contramanifestantes, que asseguram ser a reestruturação da dívida impraticável e falar dela um perigo enorme, alegam que aquilo que os manifestantes propõem já o Governo está a realizar mas paulatinamente para não afugentar os credores. Um receio que só seria fundado se os credores vivessem na lua.

Considerando os cálculos do PR, que assina por baixo, o ajustamento, que durará vinte anos, (tantos quantos os previstos nos tratados para que a dívida pública portuguesa se reduza dos actuais 130% para 60% do PIB), o que seria admissível (o ajustamento da dívida pública pode esperar) implicará o prolongamento durante vinte anos das consequências que conhecemos do esforço realizado durante os três anos de reinado da troica.

Alguma coisa terá de acontecer, chame-se ela reestruturação ou outro nome qualquer.

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