Monday, March 10, 2014

VOTAR OU NÃO VOTAR, EIS A QUESTÃO

Aproximam-se as eleições para o PE e perspectiva-se que os níveis de abstenção suplantarão os, já normalmente elevados, observados  nas eleições europeias anteriores. Pela diferença se medirá o voto  de protesto, com ou sem razão, contra as medidas do governo e a conivência, por acção ou omissão, ou impotência, dos partidos da oposição.        

O voto de protesto, alegam alguns - e Saramago romanceou à volta do tema em "Ensaio sobre a lucidez" - exprime-se pelo voto em branco. Talvez. Mas será uma expressão nítida? Não é. A relevância é assumida, pelos media e pela opinião pública, pelos níveis de abstenção. O destaque é dado aos quarenta e muitos por cento da abstenção e não aos quase cinco por cento de votos nulos ou em branco.

Mas mais relevantes que a inconsequência  da magra dimensão do voto em branco como voto de protesto são os efeitos inversos dos propósitos desse voto. Os partidos recebem por cada voto expresso 3,1 euros, repartindo-se o valor total atribuído por lei proporcionalmente aos votos conseguidos por cada um deles -  vd. aqui. O voto em branco dilui o nível de protesto ao reduzir a percentagem de abstenção acabando por ter um efeito contrário do pretendido.

Não se recomenda, com isto, a abstenção. Apenas se reflecte sobre os efeitos contrários de um propósito mal equacionado.

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Apontamento revisto (11/3)

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