Saturday, March 08, 2014

O JOGO DA CABRA CEGA

Já depois da ministra Paula Teixeira da Cruz ter sido geralmente congratulada por já "estarem todas as medidas previstas para o sector da Justiça em andamento e aplicação" (vd. Expresso de hoje),  prescreveram  os crimes de Jardim Gonçalves e a multa de 1 milhão de euros foi anulada,
e, vd. aqui, "o Ministério Público e o Banco de Portugal (BdP) requereram que o julgamento do caso BCP decorra sem interrupção nos períodos de férias judiciais para evitar o risco de prescrição das contraordenações dos seis arguidos que ainda não foram extintas." 

Avalia-se melhor a encenação deste jogo se recordarmos o que apontei aqui em Setembro de 2012.


"A juíza-presidente, que vai  julgar os crimes de manipulação do mercado e falsificação de contas que alegadamente os ex-BCP Jardim Gonçalves, Filipe Pinhal, António Rodrigues e Christopher Beck cometeram entre 2002 e 2007, tem cábula para perceber os termos da gíria do sector, porque, assumiu ela, não percebe nada de banca,  lê-se no Expresso de hoje.
Em Off, acrescenta o semanário, a cábula servirá à magistrada presidente para descodificar siglas como CFO (chief financial officer, administrador da área financeira), CEO (chief executive officer, presidente da comissão executiva) ou UBO (último beneficiário da offshore), termos que deixam em água a cabeça da juíza.

O julgamento esteve adiado por um ano e os crimes começam a precrever já no próximo ano. Depôs a juíza: "pedi exclusividade para fazer este julgamento e não é que queira sobrepor-me aos outros processos, mas tenho um problema que é a prescrição", quer "dar gás ao processo para tornar o julgamento o mais célere possível" e "não abdica de três sessões por semana para evitar prescrição dos crimes".

Crimes, disse ela, que disse que não percebe nada de banca.

Mas, como é possível, se a Meretíssima não vê um UBO pela frente por mais sessões que convoque?"
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O jogo da cabra cega continua imparável, excitante e impune, seguindo as medidas previstas na tradição da praça.
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Correl. - Mendes pede inquérito à prescrição de Jardim Gonçalves.
Pede, a quem?
"O supervisor e o Ministério Público concordaram com a decisão do juiz, que vai voltar a julgar os restantes seis antigos gestores do BCP." (aqui)
Entendem-nos? No jogo da cabra-cega não entra quem quer mas quem pode.

1 comment:

Unknown said...

muito bem. assim mais dêm voz a este sentimento de grande nojo+impotencia