Monday, March 03, 2014

CRIME E IMPUNIDADE

Sem que se perceba porquê, o fundo de pensões do BPN foi integrado na Caixa Geral de Aposentações depois do encerramento do maior buraco financeiro até agora descoberto em Portugal.
E digo até agora porque ninguém nos garante que um novo recorde não venha a ser estabelecido nos tempos mais ou menos próximos .

Mas o que é notícia, desta vez, acerca do mostrengo é o facto de, segundo o que é dito, hoje, aqui, não há fundos para pagar as pensões aos reformados do buracão porque foram distribuidos dividendos. Quem da notícia se fique pelo título pensará, provavelmente, que outra coisa não seria de esperar após o estoiro que nos está a queimar quase todos.

O que é realmente notável nesta notícia é o facto de terem sido os administradores nomeados pela  CGD para a gestão do mostrengo que decidiram alterar os estatutos do fundo (contrariando o que os estatutos do mesmo estipulavam) e distribuir dividendos porque havia, segundo eles, sobredotação do referido fundo de pensões!

Os responsáveis pela construção do buraco medonho que, quase todos, temos às costas, continuam impunes. Mas também continuam impunes e bem pagos aqueles que foram nomeados após a nacionalização para suster os danos gravosos do assalto e  que, ao contrário de realizar o que lhes competia, aprofundaram, e bastante, as dimensões do buraco que lhes foi entregue. Este caso dos fundos de pensões é apenas um dos crimes cometidos pelos caixeiros destacados. 

Que, como os outros, há-de ficar impune porque é mais fácil e menos perturbador da clique  levar também estes custos à conta da segurança social, e da despesa pública.

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A propósito: Um dia destes ainda seremos confrontados com os resultados das transferências mal negociadas pelo governo dos fundos de pensões dos bancos para o regime geral da segurança social. Tais transferências deveriam estar subordinadas, como nos fundos de pensões privados, à obrigatoriedade do eventual reforço desses fundos em conformidade com os resultados estudos actuariais periódicos. Tanto quanto julgo saber, nada disso está previsto. Se assim for, subirão muito provavelmente, por este motivo, as despesas com prestações sociais e, neste caso, inevitavelmente, a despesa pública.

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