Saturday, March 01, 2014

DESCARADAMENTE

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O Expresso de hoje destaca na sua primeira página alguns exemplos de situações típicas do descaramento com que grande parte das elites portuguesas atravessa impune e bem paga o lodaçal que elas mesmas produzem. Com exemplos destes, vindos de cima, o que pode esperar-se do comportamento cívico do homem da rua que os olha de baixo?

O senhor Rui Machete mentiu ao Parlamento ("não sou nem nunca fui accionista do BPN"), reconheceu a procuradora-adjunta ao fim de quatro meses de investigação, mas a PGR mandou arquivar a queixa crime apresentada contra ele porque "o dever de verdade só existe se ela for relevante o que, neste caso, não pode provar-se precisamente porque não é possível avaliar a relevância do que não foi dito e teria sido dito se Machete tivesse falado verdade".   Por um lado, para a PGR, a mentira em sede de comissão de inquérito parlamentar não é, só por si, condenável, e é irrelevante porque é insondável, no caso em questão, a relevância da verdade. Admirável contorcionismo jurídico, mesmo considerando que levou quatro meses a treinar.

O senhor Miguel Relvas saiu do governo na sequência de um conjunto de incidentes, pelo menos moralmente, condenáveis. O senhor Passos Coelho resolveu agora, inesperadamente, repescá-lo e atribuir-lhe a presidência da conselho nacional do partido. Restaurado e imaculado, Relvas estará dentro de pouco tempo a prégar aos portugueses. 

Os senhores Espírito Santo contam na carteira com mais um feito exemplar da idoneidade banqueira: o de terem embolsado clandestinamente comissões no negócio dos submarinos. Pagas ou a pagar pelos contribuintes portugueses.

As seguradoras estão a ensinar empresas a fintar a TSU através da utilização de seguros de capitalização (isentos de TSU) como forma de remuneração dos quadros superiores. Nada de novo, reconheça-se: a solidariedade social nunca foi abrangente sequer de todos os grupos profissionais.

1 comment:

Unknown said...

Muito bem! denunciar esta chafurdice entre gestão politica e a gestão ecinomica. Defendo que se separe logo que os eleitores entendam que será a unica forma de reduzir a corrupção, a gestão politica da gestão profissional exigente da cousa publica.