Friday, April 26, 2013

SANTA MARIA DA ASNEIRA

E, de repente, a necessidade de haver consenso entre o trio que subscreveu o memorando com a troica, deixou de ser consensual porque, além do mais, o PR disse no seu discurso de ontem que é imperioso haver consenso. E, no entanto, ouviram-se nos últimos tempos apelos ao consenso vindos de todos os quadrantes, salvo os da esquerda mais ou menos comunista. Dir-se-á, por outro lado, que pelo menos outros tantos apelos, e não poucos dos mesmos apelantes, se ouviram reclamando a demissão deste governo. Tudo somado, o consenso à volta da necessidade de consenso, sumiu-se.
 
O líder do PS já prometeu aproveitar o Congresso deste fim-de-semana em Santa Maria da Feira para unir os filiados, apoiantes e simpatizantes à volta de uma volta de uma revolta contra o sentido do discurso do PR que, por invocação da necessidade de um consenso que pode permitir a sobrevivência do actual governo, corta o caminho à convocação de eleições legislativas antecipadas e a possibilidade de o senhor António José Seguro ser primeiro-ministro antes das eleições autárquicas.
A menos que o senhor Paulo Portas decida ser ele a marcar a agenda e provocar a dissolução da AR.
 
Quanto ao consenso, esse ficou irremediavelmente perdido desde que o senhor Passos Coelho decidiu ignorar o senhor António José Seguro como herdeiro do subscritor do memorando com a troica. Repito-me: anotei isso neste caderno, antes mesmo de serem conhecidos os resultados das eleições que levaram a São Bento actual primeiro-ministro e do senhor António José Seguro ser consagrado líder do PS.
 
A intervenção do PR, nos termos em que o fez, acabou de vez com o consenso.
Uma asneira, segundo o tratado de filosofia popular, nunca vem só.
E não há duas sem três, ainda segundo o mesmo tratado. No dia em que o senhor Seguro for primeiro-ministro deixará de haver necessidade de consenso, mantendo-se, como é altamente provável, o estado deplorável do país? Aqueles que confundem democracia com partidocracia continuarão a defender que sim.  
 

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