Wednesday, January 26, 2011

CRITÉRIOS DE INJUSTIÇA

Ouço na rádio, esta manhã, que o sindicato dos magistrados do Ministério Público reclamam a ilegalidade da redução dos salários restrita à função pública e terão o parecer de catedrático de Direito nesse sentido.

O que é curioso, desde logo, nesta pretensão dos magistrados do MP e do parecer do catedrático é a parcialidade flagrante subjacente a um tal raciocínio: pois se o governo determinasse a redução dos salários no sector privado, na mesma medida em que o faz para a função pública, tal decisão, para conter um mínimo de coerência, deveria ter sido sido precedida da decisão de ter o mesmo governo obrigado os sectores privados a aumentarem os salários nos sectores privados quando, e na mesma medida, determinou os sucessivos aumentos da função pública.

Se o governo (este e os que o precederam) tivesse procedido a um alinhamento da evolução das condições remuneratórias, e outras, da função pública consoante a evolução da criação do rendimento nacional, então perceber-se-ia a reclamação dos senhores magistrados. Assim, apenas se percebe que, neste caso,  o que dá corda ao seu sentido de justiça são os seus interesses exclusivamente pessoais.

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Os senhores magistrados do Ministério Público deveriam ler isto.

2 comments:

LEOLEO said...

" e do parecer do catedrático é a parcialidade "


Que ingenuidade. Então pensava que os pareceres eram todos fruto de análise rigorosa, ponderada e isenta?
Se assim fosse muitos dos profissionais do parecer não o seriam.
Como deve saber , as mais das vezes, quem pede o parecer anuncia desde logo qual a sua pretensão e naturalmente o parecer acaba por corresponder ( para não perder o cliente).
Para tanto arranjam alguns assistentes ou juristas juniores que trabalham e depois é só assinar sob a frase " este é , salvo melhor opinião, o parecer de..."
E isto porquê ? Porque as leis são mal feitas, vagas, sem precisão, raramente quantificadas. Utilizam expressões como " o mais rápido possivel", " urgentemente", " diligente", " boa qualidade" que são demasiado subjectivas e dão para muita interpretação.
Mas se não fosse assim como viveriam muitos dos profissionais do parecer?

rui fonseca said...

"Mas se não fosse assim como viveriam muitos dos profissionais do parecer?"

Concordo inteiramente.