Friday, February 20, 2009

CONSENSO

“Mr. Obama will host a bipartisan group to find ways to contain soaring debt“. (Financial Times de hoje).
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Caro VB,
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Também sou da opinião que é importante um consenso alargado, urgente, acerca das medidas a tomar para evitar o descalabro que se aproxima. Com a tradicional quebra de actividade estival, numa altura em que o esforço das tesourarias é redobrado para pagarem os subsídios de férias, receio que o próximo Verão seja tórrido.
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Mas não acredito que esse consenso venha a ser conseguido, e não apenas porque os doutrinários entendem que não há democracia sem confronto político permanente. Mesmo que a guerrilha leve todos os contendores a estatelarem-se no chão, esmagando os espectadores.
E não acredito no consenso porque ele pressuporia, considerando os intervenientes necessários, uma intervenção muito decidida do PR nesse sentido, que teria, naturalmente que confrontar-se com toda a onda de críticas que a iniciativa desencadearia.
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Estamos, portanto, numa situação em que a um PM convencido da sua autosuficiência não se opõe uma oposição capaz de equilibrar a balança de forças nem um PR decidido a intervir ousadamente num momento grave.
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Acresce a tudo isto uma pusilanimidade e uma pastosidade (o termo foi usado por outro mas parece-me adequado) do governo do BP. A quem falta coragem (não acredito que lhe falte competência) para incutir no sistema financeiro português (tão pequenino) a honorabilidade perdida. A forma como se estão arrastar os dossiers de processos suspeitos contamina, inevitavelmente, a confiança no sistema como um todo.
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Como é que é possível falar em redução dos salários à arraia miúda (directa ou indirectamente) se o ambiente está saturado de fumos de suspeição que se enleiam por cima de gente grada?

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