Será já amanhã que a Espanha irá juntar-se ao Clube dos Intervencionados?**
As dúvidas persistem entre as declarações do governo espanhol, que diz aguardar o resultado das auditorias aos bancos na próxima segunda-feira e a insistência da generalidade da imprensa europeia nas notícias dos últimos dias de que o resgate é agora inevitável e será anunciado amanhã.
Fuentes europeas dicen que se pedirá la ayuda el sábado , são os títulos em destaque no El País de hoje.
Para o Financial Times "A Espanha está à beira de ser resgatada" e o pedido de resgate poderá ser feito amanhã através de tele conferências entre os 17 ministros da zona euro de modo a evitar maior incerteza nos mercados financeiros (após o corte realizado pela Fitch no rating da dívida soberana espanhola). Os relatórios dos auditores deveriam ser conhecidos no dia 21 mas a imprevisibilidade dos resultados das eleições gregas a 17 - que podem dar a vitória ao Syriza, provocar a renúncia dos compromissos assumidos em contrapartida da ajuda externa de 174 mil milhões de dólares e colocar em risco a permanência da Grécia na zona euro -, impõe que a questão espanhola seja solucionada antes de serem conhecido os resultados das eleições gregas.
Se dúvidas existem do lado do governo de Espanha elas não parecem situar-se na necessidade do pedido do resgate mas do montante necessário, entre 40 mil milhões, segundo os banqueiros espanhóis, e 80 a 90 mil milhões, segundo os analistas financeiros. De qualquer modo, o pedido pode ser feito sem fixação definitiva do valor envolvido, segundo um quadro superior da UE. Tudo indica, portanto, que a Espanha será o quarto membro do CI e, muito provavelmente, Chipre, o quinto.
Que implicações é que o resgate de Espanha poderá ter para a situação portuguesa no futuro próximo?
As exigências de austeridade serão diferentes das aplicadas até agora porque a Espanha não pode suportar medidas que agravem significativamente o seu recorde mundial de desemprego ( Obama a España: “No se puede recortar y recortar mientras crece el paro”, lê-se também no El País de hoje). A suavização dessas medidas em Espanha constituirá, certamente, mais um forte argumento para rever as que estão em curso na Grécia, em Portugal e na Irlanda.
Tudo se conjuga para a realização de significativas mudanças no caminho que a UE prosseguiu até hoje. Angela Merkel traçou ontem as coordenadas de algumas dessas mudanças. A bola está agora no campo dos outros membros do clube. A UE, a partir de agora, ou avança empurrada pelas menos boas razões, o que não é bom augúrio mas é a menos má saída possível da encruzilhada a que se deixou chegar, ou, é desconjuntada pelos nacionalismos dos extremos ideológicos.
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*modificado (10/6).
** O resgate, em princípio, limita-se ao sector bancário de Espanha mas por imposição das regras (ainda) em vigor o empréstimo para a recapitalização dos bancos espanhóis terá de ser veiculado através do Estado. Draghi pronunciou-se hoje favorável ao financiamento directo aos bancos, sem intervenção do Estado.
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*modificado (10/6).
** O resgate, em princípio, limita-se ao sector bancário de Espanha mas por imposição das regras (ainda) em vigor o empréstimo para a recapitalização dos bancos espanhóis terá de ser veiculado através do Estado. Draghi pronunciou-se hoje favorável ao financiamento directo aos bancos, sem intervenção do Estado.
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