Tuesday, June 26, 2012

O FUTURO DA EUROPA JOGA-SE EM ESPANHA

Num artigo publicado no New York Times (aqui) e no  El País (aqui ) - The Great Abdication -, Krugman afirma a meio do texto: " Vejam como os líderes têm lidado com a crise dos bancos em Espanha (Esqueçam a Grécia, que é uma causa perdida; É em Espanha que se decide o destino da Europa). Como na Áustria em 1931, a Espanha tem bancos que necessitam desesperadamente de mais capital, mas o actual governo de Espanha, como o da Áustria de então, tem problemas de solvência".

Pode discordar-se da política preconizada por Krugman para a solução da crise que envolve as economias dos EUA e da União Europeia, que, no caso da EU, coloca em causa o futuro da própria União, mas é difícil discordar dele quanto ao local para onde a batalha se deslocou, e onde, certamente, se decidirá o futuro da Europa no sec XXI.  

Pouco depois do anúncio de ontem do pedido formal de ajuda externa para recapitalização da banca espanhola - através do estado espanhol -, a Moody´s anunciava que baixava os níveis  de rating a 28 bancos de Espanha (aqui). Não é a primeira vez, aliás, que esta perversa sequência acontece, o que permite supor que o trajecto de Espanha, se nada acontecer, prosseguirá o caminho que os países intervencionados estão a percorrer. Com um senão enorme: o recorde mundial do desemprego no país vizinho não consente mais medidas de austeridade sem que o empurrem para situações socialmente incontroláveis.

Entretanto, há uma hora atrás o El País noticiava que os ministros das finanças da Alemanha, França, Itália e Espanha, reunidos em Paris, prepararam uma proposta para ser discutida na cimeira da UE de quinta e sexta feira próximos que prevê a existência de um superministério das Finanças que terá amplos poderes para modificar os orçamentos nacionais dos estados membros que infrinjam as regras de equilíbrio orçamental.

Comenta-se no El País a propósito desta proposta (vd texto publicado hoje aqui que ela "aposta no avanço para uma união monetária baseada numa maior integração dos sectores financeiro, orçamental e das políticas económicas. Há muito tempo que estes aspectos vêm sendo falados, mas a sensação que o desastre eurropeu está iminente pode levar os líderes a decidirem-se esta semana por estas políticas, sem as quais a união monetária continuará coxa."

A leitura integral do texto publicado por Rompuy, contudo, não é tão animadora quanto o comentário do El País poderá induzir. A experiência observada até agora da existência de um superministro das Relações Externas comunitário tem revelado o que era previsível: um fiasco. Um superministério das Finanças poderá dar mais garantias à Alemanha de observação das suas regras mas não é adquirido que convença os mercados. Poderá não ser um passo em frente para a integração politica mas um passo para o lado, o que, na situação de emergência actual, poderá significar um recuo estrondoso.

Para a semana se verá se a batalha de Espanha se exacerba ou se começa a extinguir-se.

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