As notícias que inundam os diários sobre a desagregação da União Europeia já não são notícia mas o registo da evolução esperada dos acontecimentos. O avolumar dos embates entre os seus membros está atingir níveis de magnitude que acabará irremediavelmente por derrubar o edifício que vinha a ser construído sem cálculos de resistência dos materiais das estruturas perante as declarações titubeantes e frequentemente contraditórias dos alemães, a ausência de Monsieur Hollande, mais envolvido com a quadratura do hexógono, as assumidas impotências dos britânicos, que chutam de longe e, assim, não chegam à baliza, a geral abstenção conivente dos nórdicos, a impotência dos amputados.
Em Itália, os investidores reagiram negativamente à situação em Espanha após o anúncio do resgate da banca, e os juros de uma emissão realizada ontem de dívida a um ano rondaram os 4%. Os receios de contágio reflectiram-se imediatamente numa subida dos juros implícitos da dívida soberana portuguesa.
A Moody´s colocou a solvência da dívida espanhola à beira de lixo. A Ficht tinha no dia anterior reduzido o rating a dezoito bancos de Espanha. Bruxelas confirma que o resgate da banca espanhola agravará o défice do estado.
No mesmo dia a Alemanha emitiu dívida a taxa de juro de negativa, confirmando uma tendência que se observa há já algum tempo: o receio da implosão da zona euro está a drenar os depósitos nos países mais fragilizados para o exterior e, sobretudo, para a Alemanha. "Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos", afirmou um dia Porfírio Diaz, presidente mexicano no séc. XIX, e a frase tornou-se popular". A Alemanha, contudo, não é os EUA e o sul da Europa não é mexicano, ainda que se lhes vislumbrem algumas parecenças.
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Os alemães, pela sua dimensão e por opção, assumiram o leme do barco europeu sem ir a votos, contando impor a disciplina a bordo a todo o custo. Terão as suas razões mas também têm culpas no cartório e um cadastro que é um fantasma que ainda paira sobre o continente. Pode Schäuble, o ministro alemão das finanças, desvalorizar, para efeitos internos, os resultados das eleições do próximo domingo na Grécia mas não pode, com essa basófia, impedir que a corrente mude de rumo se não remover as obstruções atravessadas no caminho.
Não há negócio que perdure se só um dos contratantes é persistentemente ganhador.
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