Se a Grécia perder ou empatar contra a Rússia no próximo sábado e não passar à fase seguinte do Euro 2012 a decepção dos eleitores gregos no dia seguinte favorece o voto nos extremos, no centro ou será eleitoralmente inócua? Aritmeticamente, se os gregos vencerem por uma diferença de dois golos, serão eles a passar e os russos a irem para casa mais cedo. Se não, a raiva grega resultante da saída prematura do Euro 2012 contribuirá de algum modo para a saída iminente da zona euro, e da União Europeia? E, por ironia dos acasos, contribuirá também para a aproximação política à Rússia, após a desilusão da solidariedade europeia? Ficção a mais? Admito que sim.
.
.
Mas é um facto provado em cada jornada futebolística que os resultados da bola alteram a razoabilidade dos adeptos e exacerbam os humores dos fanáticos. Também parece demonstrado que as vitórias desportivas das representações nacionais favorecem o governo no momento e que as derrotas adubam os votos de protesto. Se assim for, os extremos gregos sairão reforçados no domingo com a derrota da sua equipa frente à Rússia no dia anterior.
.
.
Ontem, Alexis Tsipras, o grego que olha para Che Guevara todos os dias, disse, numa conferência de imprensa, ontem em Atenas, mais uma vez o que sempre tem dito: (aqui)
"Se a (coligação) Syriza ganhar as eleições legislativas de domingo, irá trabalhar para assegurar a permanência da Grécia na zona Euro;
Formará um governo amplo de esquerda que terá como objectivo reabilitar a economia do país;
Opor-se-á ao memorando de entendimento imposto a Atenas pela Troica;
Se Bruxelas continuar a exigir a aplicação das medidas de austeridade, mesmo depois da vitória da Syriza, isso sigmificará que a UE não reconhece a democracia; (Estranho conceito de democracia)
Uma Europa sem democracia não tem futuro político, nem credibilidade. Uma Europa sem Grécia estará culturalmente inválida;"
.Uma Europa sem democracia não tem futuro político, nem credibilidade. Uma Europa sem Grécia estará culturalmente inválida;"
Denunciou ainda "a campanha de terror" desenvolvida pelos partidos que partilharam o poder na Grécia nas últimas décadas (o socialista PASOK e o conservador Nova Democracia)
.
"Os que especulam são os partidos que levaram o país à bancarrota, os banqueiros que temem perder o controlo dos bancos que os próprios levaram à bancarrota e os representantes da corrupção política", afirmou Tsipras, quando questionado sobre se a vitória da Syriza poderá provocar um levantamento em massa dos depósitos nos bancos gregos.
.
.
A Nova Democracia, o PASOK e outros partidos gregos, bem como vários líderes europeus, têm vindo a advertir que se a Grécia suspender a aplicação do memorando de entendimento deixará de receber financiamento dos parceiros europeus, obrigando o país, sem acesso ao financiamento a longo prazo nos mercados da dívida, a decretar a suspensão dos pagamentos.
O líder da esquerda radical definiu o programa da coligação como uma "revolução pacífica", que terá como objetivo o acesso de todas as pessoas "a um salário decente, a uma reforma decente e à segurança social".
Para financiar estas medidas e para impulsionar o desenvolvimento, a Syriza pretende aplicar impostos aos mais ricos, combater a evasão fiscal e utilizar melhor os fundos estruturais europeus.
Perante isto, como irão reagir os gregos se a equipa treinada por Fernando Santos não conseguir uma única vitória em três jogos? Só Fernando Santos será despedido?
No comments:
Post a Comment