O artigo que incorpora este mapa - funny money, fuzzi maths - reporta as dificuldades que se colocam ao financiamento do ajustamento imposto por uma política de austeridade que está a ser cada vez mais contestada pelas classes sociais mais atingidas pela crise e colocada em dúvida a sua eficácia por reputados economistas e analistas, por empresários e, obviamente, pelos sindicatos.
No centro de um furacão em grande medida provocado pelo risco moral em que os bancos depositaram a sua irresponsabilidade nos créditos concedidos sem medida do risco assumido confrontam-se agora duas frentes que são irreconciliáveis se não forem prosseguidos caminhos de aproximação para uma união política.
Dentro de dias é muito provável que François Hollande, que o Economist considera um homem muito perigoso, será eleito presidente da França, até com a ajuda de Merkel, que ao apoiar Sarkozy despertou ainda mais os brios nacionalistas gauleses. E ainda que aquilo que o candidato à eleição promete não corresponda, frequentemente, em grande parte, ao que o candidato eleito acaba por fazer (ou ser obrigado a tal), é, nas actuais circunstâncias, pouco provável que Hollande venha a manter intacto o eixo Mercozy franco-alemão com outro nome, Mercollande, por exemplo.
Merkel já se antecipou e anunciou alguma abertura quanto à ampliação das atribuições do BCE para a solução da crise, mas nem tudo o que Merkel anuncia acaba por confirmar. Por outro lado, e ao mesmo tempo, fez saber que não altera os alvos acordados no tratado de consolidação orçamental dos países subscritores.
Continuam carregadas de tensão as nuvens negras que pairam sobre a Europa. E não há perspectivas de que o estado da desunião se distenta quando o Verão chegar.
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Act. - Aqueles que atribuem ao euro as culpas da crise europeia ofereço um pastel de nata se conseguirem estabelecer correlação entre os indicadores do mapa e cada uma das três situações: membro da Zona Euro, ligado ao Euro, fora do Euro.
2 comments:
Rui
Não deves ter de oferecer pasteis de nata porque não conheço ninguém que atribua ao euro as culpas da crise europeia.
Alguns dizem que contribuiu, isso sim, para agravar a crise em Portugal porque gerimos mal a situação de ausência instrumento de política cambial e não só.
Nós já com o padrão-ouro não nos tínhamos dado bem pois tivemos também com o fontismo uma política de desenvolvimento semelhante à destes últimos anos. Será só coincidência?
Abrç
LM
Luciano,
Dizes que não conheces "ninguém que atribua ao euro as culpas da crise europeia".
Nem João Ferreira do Amaral?
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