Sunday, April 29, 2012

O ESTADO DA DESUNIÃO - 2



O Economist publica esta semana  nova edição do seu mapa interactivo dos principais indicadores que caracterizam a situação económica, financeira e social da União Europeia em cada dos seus países membros. Basta clicar para espreitar.

O artigo que incorpora este mapa - funny money, fuzzi maths - reporta as dificuldades que se colocam ao financiamento do ajustamento imposto por uma política de austeridade que está a ser cada vez mais contestada pelas classes sociais mais atingidas pela crise e colocada em dúvida a sua eficácia por reputados economistas e analistas, por empresários e, obviamente, pelos sindicatos. 

No centro de um furacão em grande medida provocado pelo risco moral em que os bancos depositaram a sua irresponsabilidade nos créditos concedidos sem medida do risco assumido confrontam-se agora duas frentes que são irreconciliáveis se não forem prosseguidos caminhos de aproximação para uma união política.

Dentro de dias é muito provável que François Hollande, que o Economist considera um homem muito perigoso, será eleito presidente da França, até com a ajuda de Merkel, que ao apoiar Sarkozy despertou ainda mais os brios nacionalistas gauleses. E ainda que aquilo que o candidato à eleição promete não corresponda, frequentemente, em grande parte, ao que o candidato eleito acaba por fazer (ou ser obrigado a tal), é, nas actuais circunstâncias, pouco provável que Hollande venha a manter intacto o eixo Mercozy franco-alemão com outro nome, Mercollande, por exemplo.

Merkel já se antecipou e anunciou alguma abertura quanto à ampliação das atribuições do BCE para a solução da crise, mas nem tudo o que Merkel anuncia acaba por confirmar. Por outro lado, e ao mesmo tempo, fez saber que não altera os alvos acordados no tratado de consolidação orçamental dos países subscritores.

Continuam carregadas de tensão as nuvens negras que pairam sobre a Europa. E não há perspectivas de que o estado da desunião se distenta quando o Verão chegar.



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Act. - Aqueles que atribuem ao euro as culpas da crise europeia ofereço um pastel de nata se conseguirem estabelecer correlação entre os indicadores do mapa e cada uma das três situações: membro da Zona Euro, ligado ao Euro, fora do Euro.  

2 comments:

Luciano Machado said...

Rui
Não deves ter de oferecer pasteis de nata porque não conheço ninguém que atribua ao euro as culpas da crise europeia.
Alguns dizem que contribuiu, isso sim, para agravar a crise em Portugal porque gerimos mal a situação de ausência instrumento de política cambial e não só.
Nós já com o padrão-ouro não nos tínhamos dado bem pois tivemos também com o fontismo uma política de desenvolvimento semelhante à destes últimos anos. Será só coincidência?
Abrç
LM

rui fonseca said...

Luciano,

Dizes que não conheces "ninguém que atribua ao euro as culpas da crise europeia".

Nem João Ferreira do Amaral?